Folha de S. Paulo
Petista acena a PSD, MDB e União para
barrar ruptura, mas planta semente de coalizão de governo
A caneta do presidente da República é o
segundo ativo mais valioso do mundo político. O primeiro é a expectativa de ter
o poder nas mãos.
Lula explorou essa possibilidade ao fazer
um aceno a
partidos que gostaria de ter a seu lado na eleição. À frente nas
pesquisas, o petista tenta atrair PSD, MDB e União Brasil para sua aliança. Ele
argumenta que é preciso somar forças para enterrar ameaças feitas por Jair
Bolsonaro, mas também quer plantar a semente de uma futura coalizão de governo.
O ex-presidente tem um olho na urna e outro
em 2023. Petistas insistem em ampliar a aliança de Lula para enfrentar o que
eles veem como um desafio em quatro etapas: vencer a eleição, barrar o risco de
ruptura, tomar posse e governar.
O ponto inicial das investidas é a matemática do primeiro turno. Petistas trabalham para liquidar a fatura da eleição no dia 2 de outubro, mas entendem que a margem deve ficar apertada com uma provável subida de Bolsonaro e a manutenção de nomes menos competitivos na disputa. Uma saída dos nanicos Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (União) da corrida pode ser a diferença entre terminar com 49% dos votos válidos ou 50% mais um.
O ex-presidente disse a senadores, como
noticiou a Folha, que esse número mágico pode aplacar o tumulto incentivado por
Bolsonaro na votação. Quanto maior for a aliança do petista nesse cenário,
maior será o número de parlamentares e governadores eleitos que também estarão
interessados em tomar posse.
O trio de partidos cobiçado por Lula também
seria a chave para evitar o
risco de chegar ao Planalto com uma base frágil no Congresso e
dependente do centrão. As siglas que atualmente formam a aliança do petista
tendem a eleger em torno de 140 deputados. PSD, MDB e União Brasil podem
emprestar outros 140 e dar maioria aos governistas.
O PT sabe que é difícil
fechar um acordo com os três partidos agora, mas espera que possam
aderir nas fases seguintes, com a promessa de espaço num eventual governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário