O Globo
Lula mantém intenção de votos das pesquisas
anteriores do Ipec, ampliando vantagem dentro da margem de erro, enquanto o
candidato à reeleição oscilou um ponto para baixo
Pesquisa Ipec divulgada na noite de
segunda-feira (6), a primeira realizada pelo instituto após o debate de
presidenciáveis na TV Band, aponta um avanço numérico da rejeição ao presidente
Jair Bolsonaro (PL) e a piora de seu desempenho no eleitorado feminino. Bolsonaro,
que oscilou um ponto para baixo no quadro geral de intenções de voto, agora
aparece com 31% na corrida pela reeleição, contra 44% do ex-presidente Lula
(PT) — mesmo percentual registrado pelo petista nas duas pesquisas
anteriores da série contratada pela TV Globo, divulgadas em agosto. Apesar da
ligeira ampliação da vantagem de Lula na liderança, dentro da margem de erro,
de dois pontos percentuais, o aumento da pontuação total de candidatos da
terceira via torna menos provável, de acordo com o levantamento, uma eleição
decidida em primeiro turno.
Segundo a pesquisa, realizada entre sexta-feira e domingo, 49% dos entrevistados afirmaram não votar “de jeito nenhum” em Bolsonaro. Há três semanas, antes do início oficial da campanha eleitoral, 46% rejeitavam o atual presidente, de acordo com o Ipec, percentual que subiu para 47% na pesquisa seguinte. Lula, por outro lado, que viu sua rejeição crescer de 33% para 36% nos dois primeiros levantamentos, manteve o percentual na rodada mais recente.
Pesa contra Bolsonaro, além do crescimento
do percentual de eleitores que descartam votar por sua reeleição, o recuo de
suas intenções de voto entre as mulheres. Na pesquisa divulgada ontem, 26% das
eleitoras declararam voto em Bolsonaro, ante 29% na rodada anterior. No período
entre a realização dos dois levantamentos, Bolsonaro
foi alvo de críticas de adversários por ofender a jornalista Vera Magalhães,
âncora do Roda Viva na TV Cultura e colunista do GLOBO, no primeiro debate de
presidenciáveis, no dia 28. Na ocasião, Bolsonaro usou termos pejorativos e
misóginos ao rebater pergunta da jornalista sobre a queda da cobertura vacinal
em seu governo.
Aliados do presidente reconheceram, após o
debate, que o comportamento poderia trazer problemas para seu desempenho
eleitoral entre as mulheres, grupo no qual Bolsonaro habitualmente apresenta mais
dificuldades do que entre os homens. Na tentativa de atenuar sua rejeição no
eleitorado feminino, a campanha de Bolsonaro aumentou a participação da
primeira-dama Michelle Bolsonaro em eventos e na propaganda em rádio e TV. No
primeiro dia de campanha, em comício em Juiz de Fora (MG), Bolsonaro chegou a
se referir à primeira-dama como a “pessoa mais importante” no local. Na semana
passada, o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) acatou um pedido da campanha do MDB para suspender uma
propaganda eleitoral de Bolsonaro na qual Michelle aparecia acima do
tempo permitido pela legislação para “apoiadores” de candidatos.
Embora Bolsonaro venha usando o horário
eleitoral para enaltecer pontos de sua gestão, desde a continuidade das obras
de transposição do Rio São Francisco até o lançamento do Pix, a avaliação
negativa do governo segue inalterada desde o início da campanha: 43% o
consideram ruim ou péssimo, segundo o Ipec.
Mais pobres
A pesquisa também aponta dificuldades de
Bolsonaro para melhorar seu desempenho nos grupos mais contemplados pelo
Auxílio Brasil. A elevação do benefício às vésperas da campanha eleitoral, de
R$ 400 para R$ 600 por família, foi uma das principais apostas da campanha do
presidente para atenuar a vantagem de Lula, seu principal adversário, entre os
mais pobres. Segundo o Ipec, a exemplo da pesquisa anterior, Lula segue com
quase o dobro das intenções de voto de Bolsonaro entre quem declara receber
algum benefício do governo federal: 50% a 27%.
Lula também manteve sua “gordura” eleitoral
em relação a Bolsonaro no estrato mais pobre, formado por eleitores com renda
familiar mensal de até um salário mínimo, faixa de renda do público-alvo do
Auxílio Brasil. O petista marcou 56% neste grupo, contra 21% para o atual
presidente. Na região Nordeste, que reúne 9,4 milhões de beneficiários — quase
metade das 20 milhões de famílias atendidas no país —, Lula aparece estável com
56% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 23%.
Bolsonaro
recuou ainda na região Sudeste, onde vivem quatro de cada dez
eleitores do país: passou de 33% registrados nas duas pesquisas anteriores para
30% no levantamento divulgado ontem. Lula, por outro lado, oscilou de 39% para
41%. Com isso, a distância entre ambos passou de seis para 11 pontos.
Votos válidos
Em uma tendência similar à apontada pelo Datafolha em pesquisa divulgada na última quinta-feira, o Ipec indicou um aumento das intenções de voto totais de candidatos que buscam furar a polarização entre Lula e Bolsonaro. Na primeira pesquisa da série realizada pelo Ipec, esse grupo de candidaturas somava 9%. No levantamento divulgado ontem, o somatório dos votos de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (União) chega a 14%.
Apesar de os candidatos da chamada
“terceira via” seguirem distantes de Lula e Bolsonaro, esta maior presença
deles nas intenções de voto desde o início da campanha, quando começaram a
figurar no horário eleitoral e em sabatinas e debates, torna mais difícil uma
resolução da disputa em primeiro turno. Nos
votos válidos, Lula aparece hoje com 50%, o que deixa a possibilidade de
vitória no próximo dia 2 de outubro dentro da margem de erro. Na primeira
pesquisa da série do Ipec, o petista beirava 52% dos votos válidos.
Segundo o Ipec, Ciro e Tebet oscilaram um ponto para cima cada um. O pedetista tem seu melhor desempenho entre os mais jovens, grupo em que chega a 11% das intenções de voto. Tebet, por sua vez, alcança 5% entre as mulheres e no Sudeste.
Um comentário:
Genocidas sempre serão rejeitados! Bolsonaro escolheu seu caminho: perder apoio, ser julgado e condenado, e apodrecer na cadeia! Antes, ele está apodrecendo seus ministros e parte das Forças Armadas.
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