O Estado de S. Paulo
Quando o caldo entorna, Lula camufla suas pegadas com falsas narrativas, ecoadas por amigos
Em Portugal, Lula negou (“eu nunca igualei
os dois países”) o Lula da China (“a guerra só está interessando, por enquanto,
aos dois”), o Lula dos Emirados Árabes Unidos (“a decisão da guerra foi tomada
por dois países”; Putin e Zelenski não tomam “a iniciativa de parar”), o Lula
do Brasil (“quando um não quer, dois não brigam”) e o Lula da revista Time
(“ele é tão responsável quanto o Putin, porque numa guerra não tem apenas um
culpado”).
Para Lula mudar de princípios, basta mudar Lula de ambiente. Repercutindo a propaganda russa, ele vem adulando com falsas equivalências o tirano que mandou invadir e atacar um país democrático vizinho; culpando a vítima pela invasão; e acusando os EUA e a Europa, que saíram em socorro da Ucrânia, de incentivarem a guerra e darem “contribuição para a continuidade” dela.
Como calhou de Portugal ficar na Europa,
Lula foi questionado por uma repórter local “se mantém essas palavras” e,
enquanto pensava em como sair da saia-justa, precisou fingir que não entende o
português do país (cobrando que ela falasse “mais perto do microfone” e, diante
da repetição, dizendo “sinceramente, eu não consigo entender”), até que seu
homólogo, Marcelo Rebelo, “traduziu” a pergunta em seu ouvido e ele
descaradamente negou as falas anteriores.
Lula é uma negação. Um negacionista de si
próprio. Seus métodos não mudam.
Quando membros do Gabinete de Segurança
Institucional apareceram com golpistas em cenas do 8 de janeiro, Lula vazou,
por exemplo, a alegação de que havia pedido reiteradas vezes a Gonçalves Dias
acesso às imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto e tinha
ouvido do então ministro-chefe do GSI que não seria possível. Por isso,
alegaram aliados, ficou bastante irritado.
Há gente ingênua para acreditar, de novo,
que, mesmo tratando-se de indicado dele, de sua mais alta confiança, Lula não
sabia de nada e foi traído, o expediente número 1 do playbook lulista, também
usado no mensalão. O governo, revelou o Estadão, ainda tentou esconder até 2028
as imagens, que indicam, segundo o ministro do STF Alexandre de Moraes, “a
atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna”,
“inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI”.
Quando o caldo entorna, Lula camufla suas
pegadas com falsas narrativas, ecoadas e legitimadas por comunicadores amigos,
todos eles com empregos garantidos durante seu mandato em mercados dependentes
de verbas de governo, como os de TV e rádio.
É um cinismo sem fim.
Um comentário:
Sim,o Lula é cheio de defeitos (é humano),Bolsonaro é desumano o tempo todo,rs.
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