sábado, 27 de setembro de 2008

Aécio prega novas alianças para o 'pós-lulismo'

Letícia Lins
DEU EM O GLOBO

Em Pernambuco, governador de Minas fala como candidato e diz que PSDB, PDT e PSB poderiam se unir em 2010

RECIFE. Em Pernambuco para dar apoio aos tucanos que disputam as eleições municipais, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), comportou-se sem disfarce ontem como candidato à Presidência, já de olho em 2010. Deu até o tom da campanha: o pós-lulismo. Ele argumentou que, fechadas as urnas de 2008, o PSDB vai buscar novos aliados - inclusive PSB e PDT - para que, juntos, construam um projeto para o país. Aécio disse não acreditar que nas eleições presidenciais ocorra a reedição da aliança que hoje sustenta o governo Lula:

- Até porque não cabe todo mundo lá dentro - ironizou. - Após as eleições municipais, o PSDB tem que construir um projeto para o Brasil. E aí poderemos ter novos aliados, que hoje estão no guarda-chuva de Lula, na sua base, mas que eventualmente não estarão apoiando uma candidatura do PT. O PSB e o PDT são alternativas. Acredito que, se apresentarmos um projeto ousado e otimista para o país, teremos, sim, condições de construir uma aliança para o pós-lulismo.

Aécio falou, inclusive, da possibilidade de se aproximar do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), um aliado fiel de Lula:

- Tenho grande identidade com Eduardo. Se isso vai nos possibilitar, no futuro, construir um projeto comum, o tempo é que vai dizer. Pessoalmente, gostaria muito - disse, quatro dias após reunir-se com o socialista em Belo Horizonte.

Para tucano, governo Lula deve gastar menos

Aécio condenou os políticos que fazem oposição gratuita:

- O que temos que fazer é qualificar a oposição. Não tem sentido para o PSDB, simplesmente porque perdeu as eleições, desdizer-se, ser contra questões que apoiava, como as reformas política e tributária.

Para o tucano, a oposição não deve se fincar no antilulismo.

- O presidente Lula cumpriu o seu papel. Uns acham que fez muito. Eu acho que fez um governo razoável. Mas a alternância do poder é salutar. O PSDB tem que apresentar e construir uma proposta pós Lula, que passe por reformas e introduza a questão da gestão pública qualificada na agenda do Brasil. Isso, infelizmente, ainda está a léguas de distância do governo que hoje está no Planalto Central. É preciso que o governo compreenda que a gestão de qualidade é necessária, que se gaste menos e melhor, e que se ouse nas reformas.

Auto-elogio e críticas ao governo federal

Para exemplificar o modelo de gestão que propõe, Aécio recorreu ao próprio governo e voltou a criticar o presidente:

- O PSDB tema visão da gestão moderna, gastando menos com a estrutura do Estado e mais com as pessoas. Lula se equivoca e traz um prejuízo ao Brasil no momento em que fragiliza as agências reguladoras, porque está inibindo investimentos importantes.

E recorreu ao auto-elogio:

- Modéstia à parte, digo que em Minas temos avançado muito mais do que avança o Brasil. No segundo trimestre deste ano, de acordo com o IBGE, enquanto o Brasil cresceu 6%, Minas cresceu 9,5%. Igual à China. Minas tinha déficit de R$2,5 bilhões. E hoje investe R$9 bilhões. O emprego formal no Brasil cresceu até julho desse ano 2,2%, comparado com o mesmo período do ano passado. Em Minas, esse crescimento foi de 6,1%. Tenho 15 secretarias. Eram 22. Não há desperdício.

Ele atacou

- Lá (em Minas) não há essa política que o governo federal ainda pratica, de criar cargos e ministérios, órgãos para acomodar companheiros. Em Minas, temos profissionalismo na gestão pública.

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