Fernando Canzian
De Nova York
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Cenário, contudo, ainda será de baixa atividade econômica; alta do desemprego se estenderá também por 2010, diz economista
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Cenário, contudo, ainda será de baixa atividade econômica; alta do desemprego se estenderá também por 2010, diz economista
Hipótese de crise piorar não é descartada pelo vencedor do Nobel de Economia, para quem estatizar bancos pode ser saída inevitável nos EUA
Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia em 2008 por ter analisado com precisão os riscos de o mundo chegar à atual crise, afirmou ontem que os EUA podem sair da recessão ainda neste ano.Mas, segundo ele, "isso não quer dizer muita coisa", já que o desemprego no país deve continuar crescendo em 2010 dentro de um cenário de baixíssima atividade econômica.
"Nós devemos desculpas aos japoneses por termos criticado, no início dos anos 1990, a lentidão com que agiram na recuperação do sistema bancário. A década [de 1990] perdida no Japão até que parece um bom negócio vista de onde estamos agora", disse Krugman em entrevista à imprensa estrangeira em Nova York.
Krugman lembrou que não existe método específico para definir uma recessão nos EUA. Isso se dá, normalmente, quando todos os indicadores econômicos apontam para baixo."Em 2001, quando a recessão terminou oficialmente, o desemprego seguiu aumentando por mais um ano e meio", disse. Ele prevê que isso volte a ocorrer novamente na atual crise.
O economista frisou que a recuperação a partir de 2002 foi justamente impulsionada pela farra na concessão de crédito, que armou o cenário para a atual crise. "A "bolha" de crédito foi a salvação para aquela recessão. Agora, estamos muito pior do que estávamos lá atrás."Krugman diz não existir o risco de "depressão" econômica, mas não afasta a hipótese de uma nova e surpreendente piora da crise. "Não sabemos o que pode vir pela frente. Se um país de porte médio estoura, ou se o mercado de imóveis comerciais cair muito mais, o quadro pode piorar rapidamente."
Doutor em economia pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e colunista do "New York Times", Krugman comparou os últimos oito meses ao período 1930-31, no início da Grande Depressão.
"A diferença com o que ocorreu no passado é que, a partir de 1931, o sistema bancário norte-americano entrou em verdadeiro colapso. Até aqui, estamos tentando preservar o conjunto dos bancos", disse.
Krugman afirmou, no entanto, não acreditar que o atual plano do Departamento do Tesouro para livrar os bancos dos chamados "ativos tóxicos", que vêm entupindo o sistema de crédito nos EUA, venha a dar os resultados esperados e diz esperar que o Tesouro norte-americano terá de estatizar parte do sistema bancário.
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