terça-feira, 18 de agosto de 2009

Serra comemora pesquisa e volta a alfinetar PT

Silvia Amorim e Clarissa Oliveira
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Tucano diz que não pretende ""colocar o bloco na rua"" e reclama de inserções petistas no rádio e na televisão


O governador de São Paulo, José Serra, provável candidato do PSDB à Presidência da República no próximo ano, comemorou ontem a manutenção do seu nome na liderança da disputa eleitoral. Pesquisa Datafolha divulgada anteontem mostrou Serra como favorito, com 37% das intenções de voto. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, principal aposta do PT para a eleição, e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), apareceram tecnicamente empatados com 16% e 15%, respectivamente.

"Fiquei contente. Não porque eu acho que pesquisa é o resultado da eleição. Não tem campanha na rua. Nós só vamos decidir sobre candidaturas no ano que vem. Agora, ter o reconhecimento tão positivo da população brasileira a respeito do meu trabalho indiscutivelmente me agrada bastante", disse o governador, ao encerrar uma cerimônia de lançamento de obras para expansão da rede de metrô na capital paulista, que começarão a ser entregues em 2011.

Sempre lacônico quando o assunto é uma eventual candidatura a presidente em 2010, Serra voltou a dizer estar pensando sobre a possibilidade. Ele disputa com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a vaga de presidenciável pelo PSDB. "A gente sempre pensa quando está na véspera de um ano eleitoral no que vai fazer", declarou, quando perguntado se os resultados da pesquisa eram um estímulo a concorrer ao cargo. "Outra coisa é a decisão e botar o bloco na rua, coisa que não está passando pela minha cabeça agora", ponderou.

Serra já disse que somente decidirá sobre os planos políticos para a próxima eleição em 2010. Pela legislação, ele tem até março para anunciar uma postulação. A postura do tucano contraria parte do PSDB que defende que o candidato do partido seja escolhido o mais rápido possível para começar um trabalho de mobilização.

Embora diga que não é candidato, desde o início deste ano, o governador tem aumentado o ritmo de viagens pelo País, especialmente ao Nordeste. Na semana passada, ele foi a Alagoas, único Estado nordestino comandado pelo PSDB, para um compromisso com o governador Teotônio Vilela. Somente neste ano, o tucano viajou ao menos seis vezes para a região.

PROPAGANDA

O governador, que já acusou os petistas de anteciparem o debate eleitoral, criticou ontem uma propaganda do PT paulista que foi ao ar na semana passada dizendo que o governo federal investe no metrô em São Paulo. "É uma propaganda, eu diria, muito enganosa. Você pode procurar que você não vai achar R$ 100 bilhões em investimentos em obras aqui em São Paulo e em nenhum lugar do Brasil."

Uma das inserções dizia: "Você sabia que São Paulo é o Estado brasileiro que mais recebe dinheiro do governo Lula? São obras em todo o Estado. Mais de R$ 100 bilhões destinados pelo PAC". Outra apostava no metrô e no Rodoanel. "Você sabia que as obras da linha 2 verde do metrô e do Rodoanel contam com investimentos do governo Lula? São investimentos do PAC aplicados em obras de grande porte, como a ampliação da linha 2 verde do metrô e a construção do Rodoanel, onde o governo Lula investiu mais de R$ 1 bilhão."

"É até engraçado porque é um exercício de ficção. Tem recursos para o Rodoanel, uma parte menor, que já vêm desde o governo do Fernando Henrique. No caso do metrô, não tem nenhuma, exceto autorizações para financiamentos ou mesmo financiamentos do BNDES. Não são aportes de recursos. É como você dizer que a Casas Bahia, quando financia uma geladeira, está dando a geladeira ao consumidor", disse.

Serra fez questão de destacar que a crítica era para o PT local. "Essa propaganda não é do governo federal, que, eu acredito, não faria isso. É uma propaganda político-partidária. Faz parte da disputa eleitoral, embora eu confesse que não teria coragem de fazer uma propaganda desse tipo", cutucou.

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