sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Agora, pesquisas é que mostrarão consistência, ou fragilidade, da estratégia de Lula ...

Jarbas de Holanda
Jornalista


Deixando para trás os episódios negativos que dominaram a mídia durante dois ou três meses – crise do Senado, criação da CPI da Petrobras, controvérsia Dilma Rousseff/Lina Vieira, emergência das candidaturas de Marina Silva e Ciro Gomes -, o presidente Lula virou o jogo de um mês e meio para cá, capitalizando uma sequência de notícias e eventos (ultrapassagem da crise econômica, anúncio do pré-sal, escolha do Rio como sede das Olimpíadas 2016) que lhe propiciaram, com a retomada da iniciativa política, desencadear grande ofensiva para a afirmação de sua candidata ao Palácio do Planalto, a chefe da Casa Civil.

Objetivos básicos de Lula nessa ofensiva: em um plano, aumentar os baixos índices de intenção de votos obtidos pela candidata governista nas pesquisas eleitorais realizadas até agora, colocando-a no centro de eventos como a “inspeção” das obras de transposição do rio São Francisco (e de muitos outros atos oficiais usados como verdadeiros comícios); e, no plano político-partidário, avançar na montagem da aliança com o PMDB (cedendo-lhe a vice da chapa de Dilma em troca da garantia de ampla subordinação do PT em palanques estaduais), e, adicionalmente, atraindo também quase todos os demais partidos da base governista, para isolar e forçar a desistência da candidatura de Ciro Gomes, pelo PSB, e sufocar a oposição PSDB/DEM/PPS.

Tal ofensiva, inegavelmente, produziu bons dividendos para a visibilidade da campanha da ministra e no conjunto da base governista, além de haver gerado tensões no campo oposicionista, com a cobrança sobre José Serra de apressamento da assunção de sua candidatura presidencial, ou de uma desistência dele em favor da alternativa representada por Aécio Neves. Mas a credibilidade e a própria consistência da estratégia do presidente serão submetidas a testes complicados nas pesquisas a serem feitas daqui até o final do ano. Das quais – em função de um crescimento dos índices de Dilma, ou da persistência de sua precária e discutível competitividade – elas poderão sair com boa dose de consolidação ou desacreditadas e postas em xeque. Neste caso, a partir de reavaliação da conveniência da aliança pró-Dilma pelas duas
das alas dirigentes do PMDB.

... e como se resolverá a disputa Serra/Aécio

As pesquisas a se processarem nesse período deverão ter também repercussões significativas no campo da oposição. Sobretudo se elas indicarem possível crescimento de Dilma Rousseff, vão acentuar muito as pressões pela antecipação da escolha da candidatura presidencial do PSDB. Forçando José Serra a assumi-la logo, ou fortalecendo a de Aécio Neves, em ambos os cenários sob o argumento de que o atraso nessa decisão poderá acarretar prejuízos políticos e eleitorais irrecuperáveis.

Um comentário:

Albino disse...

Como dizia Tancredo política é como nuvem, a cada instante, é um cenário novo. Até alguns messe atrás Ciro era carta fora do baralho mas hoje ele é carta importante no jogo eleitoral. Se Ciro continuar crescendo nas pesquisas pode tornar o principal candidato do governo. Se Ciro mantém,com o nível atual de intenção de voto, Lula o abandonará, mas ele poderá se juntar a Aécio e derrotar o candidato do governo. Por isso é que o PT-que só confia em petistas - já admite apoiar Ciro para governador de São Paulo.