sábado, 7 de novembro de 2009

Discórdia racha o PT do Rio

DEU EM O DIA

Decisão do diretório regional de dar todo o tempo do programa eleitoral do partido a Lindberg revolta cinco prefeitos

Por Marcos Galvão, Rio de Janeiro

Rio - O PT do Rio está rachado. A decisão do diretório regional de dedicar todo o tempo de propaganda gratuita na televisão ao prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, criou uma divisão no partido. Cinco, dos oito prefeitos que defendem a aliança com o governador Sérgio Cabral (PMDB), entregarão na próxima semana uma carta de desagravo à direção nacional do PT.

“Estou me sentindo um prefeito de segundo escalão, um prefeito paraguaio”, protestou o prefeito de Paracambi, Tarciso Pessoa, o Professor Tarciso. Ele disse que os prefeitos petistas eleitos — ao todo foram 10 — perderão a chance de prestar contas à população sobre o que já foi feito em onze meses de administração municipal.

O prefeito de Petrópolis, Paulo Mustrangi, disse que acata a decisão da direção regional — houve votação e a proposta de Lindberg venceu por 29 a 26 —, mas que os prefeitos do interior saem prejudicados pela segunda vez no ano. Ele explica que, no início do ano, Lindberg também monopolizou o tempo de TV.

Mustrangi acredita que Lindberg não está adotando posição muito sábia ao pensar apenas no seu projeto político de ser candidato a governador. “Se eu fosse candidato, como ele, estaria procurando agradar aos meus colegas prefeitos”, disse ele.

O documento também será assinado pelo prefeito de Belford Roxo, Alcides Rolim, que considerou a supremacia de Lindberg Farias nas inserções “uma afronta aos deputados e aos prefeitos”, e pelo prefeito de Mesquita, Artur Messias, que também demonstrou insatisfação. “A decisão do diretorio deixou prevalecer a lógica de que uma única prefeitura possa expressar ou mesmo representar as demais nas suas realizações”, disse ele.

O grupo ainda espera a adesão dos prefeitos de Teresópolis, Jorge Mário, de Conceição de Macabu, Lídia Mercedes, a Têdi, e de Silva Jardim, Marcelo Zelão. “Eles também vão concordar.
É que ainda não houve tempo de conversar com todos”, prevê Mustrangi. O único a concordar com Lindberg é o prefeito de Maricá, Washington Quaquá.

O presidente regional do PT, Alberto Cantalice, disse que houve grande descontentamento de deputados e prefeitos com a decisão do diretório. Lindberg terá 30 inserções de 30 segundos cada, a partir de 25 de novembro. “Lindberg com essa postura, de tentar a todo custo a candidatura própria, demonstra o seu caráter oportunista e excludente. O partido está rachado, fragmentado, por culpa dele”, afirmou.

O deputado federal Luís Sérgio, que defende a aliança com Cabral, e é candidato a presidente do diretório estadual, ironizou. “Lindberg conseguiu uma vitória de Pirro (com muitos prejuízos). Ele maltrata aqueles que deveria ter como aliados (os demais prefeitos)”.

Para Lindberg, ‘é choro de perdedor’

Lindberg interpretou a reação dos colegas como “choro de perdedor”. “A decisão do diretório é soberana. Fazer um documento como esse é uma bobagem. Não vai dar em nada”, disse ele, que não teme depois ter que pedir apoios aos colegas, caso seja confirmado como candidato a governador.

“Minha aliança é com o povo”, disse. “As pessoas precisam parar de bajular o governador”. Lindberg comentou que tem certeza da vitória no Programa de Eleições Diretas (PED) do PT, em 22 de novembro, em que apoia dois candidatos a presidente: Lourival Casula e Bismarck Alcântara.

“Precisamos eleger um presidente do PT no estado que tenha mais compromisso com o partido. E não um que fique de joelhos o tempo todo para o governo do estado”, provocou o prefeito.

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