quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Planalto usa Amazônia para inflar Dilma

DEU EM O ESTDO DE S. PAULO

Ministra vai comandar evento com dados sobre a queda de desmate

João Domingos, BRASÍLIA

Para continuar mostrando a ministra Dilma Rousseff aos eleitores, além de vinculá-la à defesa do meio ambiente um mês antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-15), em Copenhague, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu transformar o anúncio do menor índice de desmatamento da Amazônia nos últimos 21 anos, amanhã, num grande acontecimento político.

Dilma, pré-candidata à Presidência, será a mestre de cerimônias do anúncio da boa notícia, marcado para as 15 horas, no Centro Cultural Banco do Brasil. Historicamente, anúncios sobre desmatamento seguiam um script rotineiro, com os dados divulgados pelo ministro do Meio Ambiente de plantão.

Para a festa ambiental foram convidados governadores e entidades ligadas ao meio ambiente. A senadora Marina Silva (AC), provável candidata a presidente pelo PV, não foi convidada. Ela estará amanhã em São José dos Campos (SP).

O Ministério do Meio Ambiente trabalha com o desmatamento entre 8,5 mil e 9 mil quilômetros quadrados, entre agosto de 2008 e julho de 2009, período em que nos dados são consolidados ano a ano. O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que também acompanha o desmatamento da floresta por um sistema de satélites, assim como o governo, acredita que os números deverão ficar entre 9 mil e 10 mil quilômetros quadrados. O menor índice foi registrado em 1991, com 11,3 mil quilômetros quadrados. Nos últimos três anos, o desmatamento ficou entre 11 mil e 12 mil quilômetros quadrados.

No anúncio, Lula e Dilma falarão ainda dos resultados da Operação Arco Verde, um programa do governo federal anunciado com grande estardalhaço em junho. Foi num discurso em Alta Floresta, norte de Mato Grosso, no lançamento do programa, que Lula atacou os organismos fiscalizadores, dizendo que atrasavam o País, e afirmou que os pioneiros que haviam seguido para a Amazônia e desmatado dentro dos programas oferecidos por governos anteriores jamais poderiam ser chamados de bandidos. "Nunca vamos nos esquecer que na década de 70, quando foi feita uma reforma agrária, muita gente foi induzida a vender as pequenas propriedades que tinha e se embrenhar por este Brasil afora para construir cidades como Alta Floresta", disse Lula.

Ao mesmo tempo, dizendo-se consciente do momento atual, em que há grande preocupação com o clima, o presidente ensinou que hoje a vantagem é não desmatar. "Temos de dizer para as pessoas que, se houve um momento em que a gente podia desmatar, agora desmatar joga contra a gente. Vai nos prejudicar no futuro, porque empréstimo internacional não sai."

COMANDANTE

Lula anunciará, na cerimônia de amanhã, que Dilma será a comandante da equipe brasileira em Copenhague. E que vai levar as novidades do País para ajudar a combater o aquecimento global e a emissão de gases de efeito estufa. O Brasil terá, de acordo com o presidente, a proposta mais ousada entre todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento. Será algo em torno de um esforço voluntário de 38% a 42% na redução dos gases de efeito estufa até 2020.

"O Brasil será também o único país do mundo a apresentar a novidade de ter formado um fundo de combate ao aquecimento global sustentado nos combustíveis fósseis", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que perdeu o lugar antes cativo de quem ocupa o cargo nos anúncios de redução nos índices de desmatamento. Ele afirmou que não se importa com isso. "A ministra Dilma Rousseff é a mais importante dos ministros do presidente Lula. Não tem problema ela anunciar a queda no desmatamento nem comandar a equipe em Copenhague", disse.

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