DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Governador do Estado e outras autoridades foram acusados de corrupção
Na operação Mãos Limpas, que prendeu na sexta-feira o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), o ex-governador Waldez Goés (PDT) e outras 16 pessoas, a Polícia Federal gravou funcionários do governo pegando propina e indo depositar o dinheiro em conta particular, informa Rui Nogueira.
No Amapá, propina ia para campanha
PF diz que loteamento de cargos para familiares do governador, candidato à reeleição, e de seu antecessor garantia perpetuação do esquema
Felipe Recondo e Rui Nogueira
BRASÍLIA - As investigações da Operação Mãos Limpas encontraram fortes indícios de que o loteamento do governo por parentes do ex-governador Waldez Góes (PDT) e do governador Pedro Paulo Dias (PP) garantia a perpetuação do esquema de desvio de recursos públicos descoberto pela Polícia Federal. Além disso, o dinheiro desviado e as propinas cobradas de empresários serviriam, segundo o Ministério Público, para financiar a campanha de reeleição de Pedro Paulo Dias.
Todos os indícios constam de documento do Ministério Público obtido pelo Estado, que embasa os pedidos de prisão temporária de 18 pessoas, incluindo o atual e o ex-governador, e de busca e apreensão cumpridos pela PF. "Essa "montagem" da cúpula administrativa do Amapá por meio de vínculos familiares é sintomática do propósito de assegurar a estabilidade da atividade criminosa, e, consequentemente, da existência de uma quadrilha no âmbito da administração daquele estado. É inusitado e contraria súmula do STF que um governador tenha esposa e dois irmãos como secretários de Estado", argumenta o MP, referindo-se ao atual governador.
Os documentos e interceptações telefônicas mostraram que Pedro Paulo Dias estaria negociando, com representante de um grupo empresarial da Indonésia, o repasse de R$ 30 milhões para sua campanha eleitoral. A prática, conclui o MP, além de crime eleitoral, caracterizaria a prática de corrupção e peculato.
A PF usou durante as investigações dois agentes infiltrados que colheram provas de corrupção consideradas "inquestionáveis". Em uma filmagem secreta, a PF gravou um funcionário do governo pegando a porcentagem dele na propina e indo tranquilamente depositar o dinheiro na conta particular de um banco.
A investigação foi deflagrada em agosto de 2009, mas os 18 mandados de prisão, 87 mandados de condução coercitiva e 94 mandados de busca e apreensão foram todos executados anteontem no Amapá, Paraíba e São Paulo. Todos os presos - além dos governadores, secretários, assessores especiais e servidores públicos de carreira - foram levados ontem para Brasília e encarcerados na Superintendência da PF e no Presídio da Papuda.
Além de filmagens e escutas produzidas ao longo de dois meses, a operação da PF já tem 30 laudos periciais com cruzamentos sobre movimentação financeira dos envolvidos no esquema de corrupção, a origem e o destino final do dinheiro público, depoimentos e documentos mostrando como as primeiras- damas, os secretários e assessores recebiam propinas mensais como se fossem salário.
Um dos casos de fraude envolve a Secretaria de Educação, com um contrato de R$ 1 milhão para fornecimento de 200 filtros para melhorar a qualidade da água que os alunos bebem nas escolas estaduais do Amapá.
O contrato, que tinha "caráter emergencial", era dirigido a uma única empresa, que instalou tubos coloridos de PVC, com areia e carvão, que contaminava a água consumida pelos estudantes.
Governador do Estado e outras autoridades foram acusados de corrupção
Na operação Mãos Limpas, que prendeu na sexta-feira o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), o ex-governador Waldez Goés (PDT) e outras 16 pessoas, a Polícia Federal gravou funcionários do governo pegando propina e indo depositar o dinheiro em conta particular, informa Rui Nogueira.
No Amapá, propina ia para campanha
PF diz que loteamento de cargos para familiares do governador, candidato à reeleição, e de seu antecessor garantia perpetuação do esquema
Felipe Recondo e Rui Nogueira
BRASÍLIA - As investigações da Operação Mãos Limpas encontraram fortes indícios de que o loteamento do governo por parentes do ex-governador Waldez Góes (PDT) e do governador Pedro Paulo Dias (PP) garantia a perpetuação do esquema de desvio de recursos públicos descoberto pela Polícia Federal. Além disso, o dinheiro desviado e as propinas cobradas de empresários serviriam, segundo o Ministério Público, para financiar a campanha de reeleição de Pedro Paulo Dias.
Todos os indícios constam de documento do Ministério Público obtido pelo Estado, que embasa os pedidos de prisão temporária de 18 pessoas, incluindo o atual e o ex-governador, e de busca e apreensão cumpridos pela PF. "Essa "montagem" da cúpula administrativa do Amapá por meio de vínculos familiares é sintomática do propósito de assegurar a estabilidade da atividade criminosa, e, consequentemente, da existência de uma quadrilha no âmbito da administração daquele estado. É inusitado e contraria súmula do STF que um governador tenha esposa e dois irmãos como secretários de Estado", argumenta o MP, referindo-se ao atual governador.
Os documentos e interceptações telefônicas mostraram que Pedro Paulo Dias estaria negociando, com representante de um grupo empresarial da Indonésia, o repasse de R$ 30 milhões para sua campanha eleitoral. A prática, conclui o MP, além de crime eleitoral, caracterizaria a prática de corrupção e peculato.
A PF usou durante as investigações dois agentes infiltrados que colheram provas de corrupção consideradas "inquestionáveis". Em uma filmagem secreta, a PF gravou um funcionário do governo pegando a porcentagem dele na propina e indo tranquilamente depositar o dinheiro na conta particular de um banco.
A investigação foi deflagrada em agosto de 2009, mas os 18 mandados de prisão, 87 mandados de condução coercitiva e 94 mandados de busca e apreensão foram todos executados anteontem no Amapá, Paraíba e São Paulo. Todos os presos - além dos governadores, secretários, assessores especiais e servidores públicos de carreira - foram levados ontem para Brasília e encarcerados na Superintendência da PF e no Presídio da Papuda.
Além de filmagens e escutas produzidas ao longo de dois meses, a operação da PF já tem 30 laudos periciais com cruzamentos sobre movimentação financeira dos envolvidos no esquema de corrupção, a origem e o destino final do dinheiro público, depoimentos e documentos mostrando como as primeiras- damas, os secretários e assessores recebiam propinas mensais como se fossem salário.
Um dos casos de fraude envolve a Secretaria de Educação, com um contrato de R$ 1 milhão para fornecimento de 200 filtros para melhorar a qualidade da água que os alunos bebem nas escolas estaduais do Amapá.
O contrato, que tinha "caráter emergencial", era dirigido a uma única empresa, que instalou tubos coloridos de PVC, com areia e carvão, que contaminava a água consumida pelos estudantes.
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