O caso do aumento patrimonial de Antonio Palocci faz aniversário de duas semanas amanhã. O ministro da Casa Civil completará 14 dias sem explicar ao público como seus bens evoluíram tanto nos últimos quatro anos. No princípio, era uma reportagem da Folha. Agora, há uma crise.
Foi ineficaz a estratégia do Planalto de contar com o tempo para solucionar o problema. Quase todos os dias emergiram fatos novos -relevantes ou não. O terreno político ficou instável como areia movediça de desenho animado. A cada movimento, parece que a imagem do governo se afunda mais.
Uma certeza foi a força motriz de Palocci nas últimas duas semanas: o establishment o tem como interlocutor confiável e não quer a sua queda. A premissa é verdadeira, embora sujeita a erosão. Impressiona como, nos últimos dias, empresários têm se perguntado quais seriam as opções a Palocci dentro do governo. Ainda não é uma bruxaria, mas uma reflexão sobre um cenário hipotético indesejável.
Manuais de manejo de crise prescrevem uma solução única para o enguiço de Palocci. O ministro deve ser mais generoso em suas explicações. Até porque ele passou 14 dias repetindo a mesma litania ("é tudo legal e os impostos foram pagos") e só fez aumentar a curiosidade sobre quais empresas pagaram pelas suas "consultorias".
O Planalto vive uma situação intangível. Não sabe quanto tempo demorará até que apareçam, uma a uma, as empresas clientes de Palocci. Na Suécia, talvez o dado ficasse em sigilo para sempre. No Brasil, acreditar nessa hipótese é um ato suicida de ingenuidade.
Já surgiu empresário falando de taxa de sucesso. Na internet há uma lista de supostos beneficiários. Sem fatos, prosperam boatos.
Uma saída política óbvia é antecipar-se. Contar o que precisa ser contado e sofrer o desgaste de uma vez -e não sangrar a conta-gotas, como sucedeu até o momento.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário