Aliança nacional do PT com o PSB vai ser repensada
Candidato à prefeitura de belo horizonte, petista diz que o prefeito marcio lacerda (psb), seu principal adversário na disputa, "optou pelo PSDB"
BELO HORIZONTE - O candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias, disse ontem, na Sabatina Folha/UOL, que a aliança nacional de seu partido com o PSB será "repensada" após os dois partidos ficarem em campos opostos em diferentes cidades nas eleições deste ano, como na capital mineira, em Recife e em Fortaleza.
Ele afirmou que seu adversário, o prefeito Marcio Larcerda (PSB), a quem criticou por falta de liderança, "optou pelo PSDB", destacando diferenças entre petistas e tucanos. O ex-governador tucano Aécio Neves é o principal cabo eleitoral do prefeito.
Patrus ressaltou o fato de ter tido uma gestão bem avaliada à frente da prefeitura da cidade (1993-1996) e exaltou sua passagem pelo Ministério do Desenvolvimento Social (2004-10), no qual ampliou o Bolsa Família.
Durante uma hora e meia, ele respondeu perguntas de Eduardo Scolese, coordenador da Agência Folha, Paulo Peixoto, correspondente da Folha em Belo Horizonte, Vera Magalhães, editora do "Painel", e Josias de Souza, colunista do UOL, no auditório do museu Inimá de Paula.
Rompimento PT-PSB
O candidato foi questionado se o rompimento entre PT e PSB, que em 2008 estiveram juntos por Marcio Lacerda, tem relação com a eleição presidencial de 2014, para a qual o presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), é cotado como candidato.
"Essa é uma questão que a história vai dizer. Estamos atentos a isso. Não foi um fato isolado. Aconteceu em Belo Horizonte, em Recife, em Fortaleza, em outras cidades. Essa aliança do PT com o PSB vai ser repensada." Segundo ele, as eleições deste ano "sinalizaram algumas diferenças" entre as duas siglas e a disputa em BH se insere no contexto nacional.
Opção de Lacerda
Patrus responsabilizou o atual prefeito pelo fim da aliança que incluía ainda o PSDB. Lacerda afirma que os petistas é que quiseram sair.
"Nosso atual adversário fez uma opção, saiu fora do nosso projeto, optou pelo PSDB. Foi ele que rompeu. Nós continuamos na mesma linha, fiéis a nossos compromissos históricos, ao projeto que implantamos no governo do presidente Lula e agora com a presidente Dilma."
O ex-ministro marcou ainda diferenças entre PT e PSDB: "Temos no Brasil dois projetos: um democrático e popular, que pensa em todos, e outro que é das privatizações, que não implementa políticas sociais, que não tem o mesmo cuidado com os pobres".
PT na prefeitura
Cobrado por criticar Lacerda apesar de o PT ter ocupado secretarias, o candidato disse que se tratava de uma relação "um pouco incômoda".
"Algumas áreas que o PT esteve à frente e teve um mínimo suporte do prefeito, conseguimos avanços. Agora, se o prefeito não disponibiliza recursos, as coisas realmente não acontecem, por mais que os militantes do PT queiram e trabalhem. Quem define as prioridades é o prefeito."
Dependência de Lula
"Não há "lulodependência". Agora, é claro que temos afinidade com o presidente Lula, ele participa de nossa história, nós caminhamos juntos. Eu ocupei um ministério que é, se não o mais importante, um dos mais importantes do governo do presidente Lula. A presença do Lula em BH é para somar conosco. Não há relação de dependência, mas de companheirismo."
Mensalão
"Eu não vi, não ouvi, não participei de nada. Absolutamente nada. Vamos aguardar a decisão da mais alta corte desse país. Sou advogado, professor de direito e aprendi que para falarmos sobre um processo é necessário que tenhamos conhecimento sobre ele. Não estou acompanhando em detalhes, a não ser pela imprensa. Minha expectativa é que se faça um julgamento limpo, transparente, rigorosamente jurídico."
Indicações políticas
Aliado ao PMDB, Patrus disse que, ao escolher subordonadidos, seguirá o mesmo critério adotado em sua gestão passada e que terá sempre a palavra final nas escolhas.
"Fizemos um governo histórico, não há nenhum questionamento ético. Para trabalhar comigo tem que ter competência técnica, capacidade de trabalho e sensibilidade humana e social. Vou considerar forças políticas e sociais, mas dentro delas vou buscar as pessoas mais qualificadas do ponto de vista ético, moral."
Prioridades
O candidato definiu entre suas prioridades a saúde, com funcionamento de centros de atendimento nos finais de semana e construção de novas unidades, e tirar do papel a ampliação do metrô de BH, que depende de investimento federal.
"Para que recursos venham é necessário liderança mais vigorosa. O governo federal não discrimina, mas quando há um governo com mesmos compromissos e afinidades, é claro que as possibilidades de parcerias aumentam muito."
Ideais
"Meu pai era mais conservador, inclusive defendia a ditadura, mas ficamos muito amigos, aprendi muito a convivência com contrários. Ele me fez um elogio que eu não vou esquecer nunca, pouco antes da morte dele: "Meu filho, você está ficando velho, com essa barba branca e acreditando na mesma bobagens que você falava quando era menino"."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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