terça-feira, 18 de setembro de 2012

Oposição cobra explicação; PT defende Lula

Tucanos já têm pronta representação para que nova denúncia seja apurada; petistas divulgam manifesto

Maria Lima, Fernanda Krakovics e Thiago Herdy

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BRASÍLIA e SÃO PAULO O PSDB não pretende deixar passar em branco a reportagem da revista "Veja", na qual Marcos Valério acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de envolvimento no mensalão, e, desde ontem, já tem pronta uma representação ao Ministério Público pedindo que ele seja investigado. Hoje, líderes tucanos, do DEM e do PPS, principais siglas de oposição, vão se reunir para decidir se agem em conjunto. DEM e PPS, mais cautelosos, tendem a esperar que surjam mais dados que comprovem o teor da reportagem.

- Não vamos permitir que o assunto cale. Queremos ver tudo elucidado. O silêncio não será nosso caminho - afirmou o presidente do PSDB, deputado Sergio Guerra (PE).

Já a Executiva Nacional do PT divulgou nota conclamando a militância a defender o partido, Lula e o legado dos governos petistas. A nota, porém, não cita a nova acusação.

DEM, PPS e Aécio falam em ter cautela

Como Lula não tem mais foro privilegiado, a investigação, se aberta, deve ocorrer na primeira instância do Ministério Público Federal. Os presidentes do PPS, Roberto Freire (SP), e do DEM, Agripino Maia (RN), querem obter mais elementos para endossar uma representação contra o ex-presidente. Freire disse que o PPS só pedirá uma investigação judicial se for divulgada gravação que comprove as declarações de Valério:

- A reportagem de "Veja" é verossímil, mas é melhor ter mais segurança para que o Ministério Público atenda nosso pedido. Estamos no aguardo de um pouco mais de comprovação das denúncias feitas por Marcos Valério.

Agripino foi na mesma linha:

- Por enquanto, não me atrevo a entrar de sola em um assunto sem comprovação. Estou adotando uma postura de cautela, não posso entrar com um recurso sem embasamento.

Mesmo no PSDB, há quem adote um discurso mais comedido. O senador tucano Aécio Neves (MG) afirmou ontem que é preciso ter cautela sobre as supostas declarações de Valério:

- Acho apenas que esse episódio vai ter ainda desdobramentos. Vamos aguardá-los com cautela. Não torço para que todos sejam punidos apenas por serem meus adversários - disse Aécio.

Sem consenso sobre a medida jurídica a ser tomada, os líderes da oposição, porém, concordam na cobrança uma declaração de Lula:

- É muito estranho que, até agora, Lula não tenha falado nada. É um silêncio ensurdecedor. Um homem público tem obrigação de vir a público se explicar diante de denúncias tão graves - cobrou ontem Guerra.

Em São Paulo, a Executiva do PT afirmou, em nota, que "a mobilização geral de nossa força militante é a condição fundamental para nosso sucesso nos dias 7 e 28 de outubro (primeiro e segundo turno). Pois é a militância consciente quem desfaz as mentiras, demarca o campo, afirma nosso projeto, construindo vitórias não apenas eleitorais mas também políticas".

Ao ser perguntado sobre que mentiras deveriam ser desfeitas, o presidente do PT Rui Falcão preferiu não dizer.

- São mentiras que ocorrem nas campanhas eleitorais, sempre. Não tem qualquer menção em especial - desconversou ele, negando que a reportagem de "Veja" tenha sido debatida.

Presente na reunião, apesar de não ser da Executiva, o ex-líder do governo na Câmara dos Deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse duvidar das declarações atribuídas a Valério:

- É uma manifestação política e ideológica, a "Veja" tentando interferir no processo eleitoral, mas sem muito impacto, porque parece que o povo não dá muito crédito - disse o deputado.

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, negou o teor da reportagem.

Ao ser perguntado se Lula deveria se defender ou tomar alguma medida judicial contra os responsáveis, Falcão foi evasivo:

- Não tenho opinião sobre isso.

FONTE: O GLOBO

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