terça-feira, 30 de outubro de 2012

Aécio contesta Lula e diz que oposição não foi dizimada


Senador tucano elogia Serra, mas concorda com FH sobre renovação

Maria Lima

SÃO PAULO - Ausente de toda a campanha do correligionário José Serra na disputa com o prefeito eleito Fernando Haddad, o senador Aécio Neves (PSDB-SP) desembarcou ontem na capital paulista para visitar o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE). Aécio não quis dar conotação política ao encontro, mas nas primeiras análises após eleições, rebateu a interpretação do ex-presidente Lula de que o PSDB foi dizimado nas regiões Sul e Sudeste. Lembrou que é os tucanos governam Minas Gerais, São Paulo e Paraná, o que representa quase 50% do eleitorado dessa região, além de vitórias, em Pelotas e Blumenau, contra candidatos do PT.

Segundo Aécio, com exceção da capital São Paulo, entre as 50 maiores cidades com mais de 200 mil habitantes, no segundo turno, a oposição (PPS,DEM, PSOL e PSDB) cresceu de 10 para 25 cidades; e o PT caiu de 22 para 16:

- Acho que o ex-presidente Lula não teve tempo de analisar os resultados dessa eleição. Houve uma dispersão muito grande de forças e o PSDB tem os governos de Minas, São Paulo e Paraná, nas regiões Sul e Sudeste. Que outro partido tem uma posição tão sólida nessa região quanto o PSDB? O PT caminha a uma grande velocidade para os grotões, perdendo nas 85 médias e grandes cidades - disse Aécio.

Sérgio Guerra permaneceu com a família em São Paulo após receber alta do hospital Sirio-Libanês na última quinta-feira. Ele se recupera da retirada de um tumor na base da cabeça, atrás do pescoço, ainda sem diagnóstico sobre malignidade ou não.

Como na campanha, quando fez campanha para o candidato do PSB Jonas Donizetti em Campinas, mas não em São Paulo, Aécio foi ontem à capital mas não se encontrou com Serra. Mas reconheceu que ele se sacrificou pelo partido ao aceitar a candidatura.

Os aecistas rejeitam a possibilidade de Serra ser acomodado na presidência do partido. Acham que isso não pode ser um prêmio de consolação, o que só complicaria o processo de articulação para 2014, quando o senador mineiro deverá ser indicado para disputar a Presidência da República.

- O Serra vai ter sempre um papel importante no partido. Mas ele, como eu, sabe que só temos uma chance de que nosso projeto alternativo de poder saia vitorioso em 2014: que o partido esteja unido. Sobre a presidência do PSDB, esse assunto não está na pauta. Mesmo porque Sérgio Guerra está no pleno exercício do mandato - disse Aécio.

Sobre a avaliação de Lula - de que o PSB está crescendo e tomando o espaço da oposição - Aécio demonstrou tranquilidade. Disse que o PSDB tem um aliança natural com o PSB, e que cabe ao PT se preocupar com o crescimentos dos socialistas nas eleições:

-Essa é uma leitura que pode ser feita de forma invertida. O PSB participou de muitas campanhas vitoriosas ao nosso lado, derrotando candidatos do PT. Nós do PSDB vemos com simpatia o crescimento do PSB, enquanto o PT vê como ameaça ao seu crescimento hegemônico - disse Aécio.

"Amigo e companheiro Serra"

Aécio admitiu que Serra fez um sacrifício ao aceitar disputar a prefeitura de São Paulo, a pedido do partido. E disse que isso precisar ser reconhecido:

-Lamentavelmente, meu amigo e companheiro Serra não conquistou a vitória, obteve quase três milhões de votos, grande homem, com grande experiência. Todavia nossa luta por um Brasil justo, humano e honesto continua - disse.

Aécio, porém, apoiou a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que o PSDB precisa se renovar:

-O PSDB já vem fazendo isso. O Daniel, em Recife, teve um desempenho extraordinário. Crescemos com novas lideranças também em Belém, Teresina e com o nosso líder Bruno Araújo, na Câmara. Tivemos bons resultados nessa eleição com o perfil de novas lideranças - disse.

Fonte: O Globo

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