Baime Cardoso
BRASÍLIA - A liderança do PSDB na Câmara dos Deputados entrou ontem com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo investigação sobre eventuais irregularidades e possível improbidade administrativa de autoridades do governo federal no episódio envolvendo os boatos sobre o fim do programa Bolsa Família, ocorridos nos dias 18 e 19 de maio. Os falsos boatos provocaram uma corrida às agências da Caixa Econômica Federal em 13 Estados, sobretudo no Nordeste. A Caixa é a responsável por fazer os repasses do programa.
O líder do partido na Casa, deputado Carlos Sampaio (SP), também encaminhou um requerimento à Polícia Federal solicitando acesso imediato dos partidos de oposição ao inquérito instaurado para apurar o caso.
Na representação, o tucano argumenta que há indícios de luso político de informações sobre o programa, vazamento de dados sigilosos dos beneficiários por sistema de telemarketing e divulgação de informações incorretas pela Caixa Econômica Federal. O presidente ;da Caixa, Jorge Hereda, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiram que os recursos do Bolsa Família foram liberados para saque na sexta- feira, dia 17, véspera dos boatos. O documento cita ainda a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que, em mensagem no Twitter, atribuiu à oposição a responsabilidade pela onda de boatos. Para o líder do PSDB, os fatos são passíveis de instauração de inquérito civil ou penal.
Já no requerimento encaminhado ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, a oposição cobra o acesso de seu advogado às informações colhidas pelos policiais até agora. De acordo com o partido, a PF teria se comprometido a liberar o acesso aos autos pela oposição.
Sem novidades. Ainda ontem, ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que as investigações sobre o episódio continuam em ritmo acelerado, mas que não há nenhum fato novo no inquérito. "Não chegamos até o momento a nenhuma situação que eu possa dizer como conclusiva" , afirmou Cardozo.
Segundo o ministro, nenhuma linha de investigação foi descartada. A apuração do caso é considerada "difícil" pelo fato de que é preciso ouvir muitas testemunhas para se chegar à fonte primária dos boatos. "Isso não é uma investigação fácil, mas nós já temos uma linha de investigação."
Boato causou tumultos
Motivadas por boatos que davam conta de que o governo acabaria com o Bolsa Família, milhares de pessoas correram, a agências da Caixa Econômica no fim de semana dos dias 18 e 19 de maio para sacar o benefício. O corre-corre gerou filas e tumultos em agências de 13 Estados. Uma semana depois do episódio, a Caixa admitiu que, em 17 de maio, véspera dos boatos, alterou o calendário e antecipou o pagamento do Bolsa Família para. Todos os benefícios - um total de R$ 2bilhões - foram liberados de uma só vez para parte dos 13,8 milhões de beneficiários.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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