Dos 10 eventos previstos, só seis ocorreram; no Rio, Lindbergh reduz caravanas
Cássio Bruno
A onda de protestos pelo país e a queda de popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff, apontada pela última pesquisa CNI/Ibope, cancelaram eventos do PT. Dos dez encontros programados, com a presença de Dilma e do ex-presidente Lula, para comemorar dez anos do partido na Presidência, apenas seis foram realizados e não há mais nenhum previsto. Além disso, as caravanas do senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Rio em 2014, sofreram um recuo estratégico e só deverão voltar ao ritmo normal em outubro, após análise dos efeitos causados pelas manifestações.
Principal entusiasta de um terceiro mandato do ex-presidente Lula, cuja proposta chegou a defender publicamente, o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) criticou a postura do partido.
- Nossa origem é a base, e nós nos distanciamos da base. O PT não deve apenas se preocupar com a conjuntura internacional, com o PIB (Produto Interno Bruto). Tem que se preocupar com a base eleitoral - afirmou o parlamentar, amigo do ex-presidente há pelo menos 40 anos.
Segundo Ribeiro, as manifestações pegaram de surpresa o PT e também os outros partidos:
- Estamos todos perplexos. É o momento de refletir e analisar os prejuízos. Mas isso não é apenas com o PT. É também com o PMDB do Rio, o PSDB de São Paulo e até com o PSB de Pernambuco, do governador Eduardo Campos.
O sexto e último evento comemorativo dos dez anos do PT no governo ocorreu na última quinta-feira, num hotel em Salvador. A previsão da legenda era que fossem realizados mais quatro encontros este ano. Nos discursos, Dilma e Lula insistiram na necessidade de promover mudanças o mais rápido possível. Eles destacaram a implantação do financiamento público de campanhas como forma de atender à voz das ruas e combater a corrupção.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), afirmou que a prioridade da legenda no segundo semestre será fazer com que a presidente Dilma consiga cumprir os cinco pactos anunciados durante os protestos de junho. Os compromissos são: responsabilidade fiscal, reforma política e melhorias nas áreas de Saúde, Transporte e Educação.
- O segundo semestre, para nós da bancada, será fundamental. É o momento de consolidar as medidas que o governo está tomando para melhorar os serviços públicos - disse Guimarães.
No Rio, Lindbergh mudou o rumo da pré-campanha e interrompeu as caravanas que vinha fazendo para ouvir os moradores. A última foi em 6 de junho. Desde o início dos protestos, Lindbergh saiu de cena para evitar desgastes.
- Vamos esperar a poeira baixar. Queremos saber quais são os efeitos dos protestos. A avaliação do governo Dilma não é definitiva. Representa apenas o momento atual - afirmou o presidente do PT do Rio, Jorge Florêncio.
Lindbergh, por sua vez, diz que fará apenas uma caravana em agosto, em Volta Redonda e Barra Mansa, no Sul Fluminense.
- É hora das filiações partidárias e da montagem das nominatas para as eleições de 2014. É hora das conversas nos bastidores, de montar o nosso time - ressaltou o pré-candidato do PT.
Opinião: Fora da agenda
COM GRANDE senso de oportunidade, o PT aproveitou a onda de manifestações para tentar viabilizar o sonho da "Constituinte exclusiva". Considerada ilegal, partiu para o "plano b" do plebiscito, difícil de emplacar.
A IRA contra políticos, demonstrada nas ruas, pode levar à defesa da reforma. Mas o que já se sabia acaba de ser confirmado por pesquisa CNI-Ibope: apenas 8% dos entrevistados fizeram referência à defesa da reforma feita por PT e Dilma.
Fonte: O Globo
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