Presidente aposta nas homenagens póstumas ao ex-presidente João Goulart, após exumação do corpo
Governador de Pernambuco vai conversar com rerpesentantes do agronegócio
E o tucano vai reforçar ação no do Senado para mostrar que o governo e seus aliados querem barrar mais verbas para a Saúde
Maria Lima, Luiza Damé
BRASÍLIA - A semana política promete com os três principais presidenciáveis reforçando suas agendas da pré-campanha eleitoral. O governador Eduardo Campos (PSB) desembarca da Europa direto para encontro com representantes do Agronegócio, em São Paulo, se antecipando a movimento semelhante do PT, que será feito pelo ex-presidente Lula no final da semana, em Mato Grosso do Sul. O tucano Aécio Neves centra sua agenda no Senado, com ações para desgastar o governo no debate sobre aumento de recursos para a Saúde, enquanto a presidente Dilma Rousseff pretende ter como ponto alto da semana as homenagens póstumas ao ex-presidente João Goulart, durante o traslado de seus restos mortais para Brasília, quinta-feira.
Depois de uma semana em viagem pela Alemanha e Inglaterrra, Eduardo Campos vai retomar a agenda de articulação politica interna tentando reestabelecer o canal com um dos principais setores da economia brasileira, que ficou prejudicado desde que a ex-senadora Marina Silva vetou a participação do líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), na coligação PSB-Rede. O encontro com lideranças ruralistas e de cooperativas agrícolas está sendo organizado pelo ex-ministro da Agricultura no governo Lula Roberto Rodrigues, um dos interlocutores de Eduardo Campos com o setor.
— Houve um estresse com o Caiado, mas não houve rompimento de laços com o agronegócio. O ex-ministro Roberto Rodrigues está fazendo essa interlocução com o setor, que está muito revoltado com a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) desde que ela aderiu à presidente Dilma — disse o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), referindo-se á presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Ainda em São Paulo, nesta segunda-feira, o governador pernambucano grava o Programa do Jô, da TV Globo, e participa de um evento na Companhia Paulista de Turismo sobre preparativos para a Copa do Mundo de 2014.
Embora comece a semana com uma protocolar visita ao Peru, a presidente Dilma Rousseff manterá a agenda de aparições públicas pelo país, voltada para as eleições de 2014. Na quinta-feira, comandará, ao lado de ex-presidentes da República, Lula inclusive, e outras autoridades convidadas, a cerimônia para receber os restos mortais de Jango, que serão submetidos a exames antropológicos e de DNA, para confirmar a causa de sua morte - ataque cardíaco, segundo a versão oficial, ou envenenamento.
No dia seguinte, a presidente participa em São Paulo do Congresso Nacional do PCdoB, no feriado da Proclamação da República, de novo ao lado do o ex-presidente Lula. O convite para o encontro do PCdoB foi feito há quase um mês pelo presidente do partido, Renato Rabelo. A presença de Dilma e Lula marca o reconhecimento e prestígio ao histórico e fiel aliado do PT não só nas eleições, mas nas principais votações do Congresso. O evento vai marcar a transição do mandato de Rabelo para a deputada Luciana Santos, que assumirá o comando do PCdoB no primeiro trimestre de 2015.
Na semana seguinte, a agenda pré-eleitoral da presidente estará voltada para o terreno do adversário Eduardo Campos. Dilma deverá passar dois dias no Nordeste, visitando as obras de transposição do Rio São Francisco. Entre os dias 21 e 22, percorrerá municípios de Pernambuco, do Ceará e da Paraíba, para vistoriar o projeto, que apareceu como “paralisado, atrasado’ no programa nacional do PSDB levado ao ar no rádio e na TV. Dilma quer mostrar o contrário.
A visita está sendo preparada pelo Ministério da Integração desde o início do ano, mas foi acelerada após a denúncia tucana. A princípio, Dilma irá a Floresta e Cabrobó, em Pernambuco, Jati e Juazeiro do Norte, no Ceará, e São José de Piranhas, na Paraíba, mas a lista poderá ser enxugada.
A intenção da presidente é mostrar que, apesar de problemas na execução de alguns trechos da obra, a transposição não está paralisada. Segundo o Palácio do Planalto, o projeto tem mais de 6.500 trabalhadores em seus canteiros e mais de 1.800 equipamentos em atividade. A previsão é que obra seja concluída em 2015, mas os primeiros 100 quilômetros dos eixos Norte e Leste serão entregues este ano. No Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) estão previstos R$ 28 bilhões para a transposição.
Já o tucano Aécio Neves, além de reuniões partidárias para finalizar o “Decálogo” — um documento com metas e princípios que vão nortear a campanha presidencial do PSDB —, vai reforçar sua ação no plenário do Senado para expor o governo e seus aliados, que tentarão derrubar, na votação do Orçamento Impositivo, a emenda do PSDB que dobra de R$ 64 bilhões para quase R$ 128 bilhões os recursos a Saúde: “O governo quer mais médicos e menos recursos para a Saúde”, é a palavra de ordem que Aécio deve repetir no plenário esta semana.
Fonte: O Globo
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