Presidente discursou sobre os 50 anos do Golpe de 64, relembrou da violência do período e destacou que 'valoriza' os pactos políticos que levaram à redemocratização
Tânia Monteiro, Erich Decat e Bernardo Caram - Agência Estado
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff aproveitou o discurso de assinatura do lançamento da obra de construção da segunda ponte sobre o rio Guaíba, para mandar um recado para as ONGs, como a Anistia Internacional, além de grupos de esquerda, que estão se mobilizando pela revisão da lei de anistia. Em sua fala, a presidente afirmou que "reconhece" e "valoriza os pactos políticos que nós levaram à redemocratização".
Dilma reconheceu ainda que "nós reconquistamos a democracia à nossa maneira, por meio de lutas e de sacrifícios humanos irreparáveis, mas também por meio de pactos e acordos nacionais, muitos deles traduzidos na Constituição de 1988". Em seguida, emendou lembrando seu discurso na instalação da Comissão da Verdade, cujos trabalhos são contestados pelos militares. "Assim como eu respeito e reverencio os que lutaram pela democracia, enfrentando a truculência ilegal do Estado e nunca deixarei de enaltecer estes lutadores e estas lutadoras, também reconheço e valorizo os pactos políticos que nós levaram à redemocratização".
Com isso, Dilma sinaliza que não apoiará as iniciativas que defendem a revisão da lei de anistia. Os militares repudiam esta tentativa de revisão da lei anistia e avisam que a lei foi fruto de acordo da sociedade na época. Pouco depois, a presidente Dilma Rousseff usou seu twitter para defender os princípios democráticos e reiterar da dor enfrentada pelas famílias que sofreram com a ditadura citando que elas deixaram "cicatrizes visíveis e invisíveis".
Em discurso no dia em que o Golpe de 31 de março completa 50 anos, Dilma lembrou que ela mesma foi presa e torturada e fez questão de enaltecer os que sofreram e morreram naquele período, vítimas da "truculência ilegal do Estado". Após citar que "a palavra verdade", "é exatamente o oposto do esquecimento" e "é algo tão forte que não dá guarida para o ressentimento, ódio e nem tão pouco para o perdão", a presidente emendou: "ela é só e sobretudo o contrário do esquecimento . É memória e é história". Para a presidente, "o dia de hoje exige que nós nos lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso aos que morreram e desapareceram. Devemos aos torturados e aos perseguidos, às suas famílias, a todos os brasileiros".
O discurso da presidente sobre 31 de março foi previamente preparado por ela que leu alguns dos trechos. Ao longo do mês de março, a presidente Dilma Rousseff fez chegar aos comandos militares que não aceitaria a realização de manifestações a favor do golpe de 64 nos quartéis. Mas, antes disso, os próprios comandantes, em suas reuniões de Alto Comando avisaram que não haveria qualquer tipp de manifestação e nem sequer a tradicional ordem do dia alusiva à data. Houve entendimentos inclusive com o pessoal ligados aos Clubes Militares para evitar acirramento dos ânimos.
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