- Folha de S. Paulo
São Paulo é um Estado esquisito, com uma capital mais esquisita ainda. A dias da abertura da Copa, tudo parece um caos, com os sem-teto engrossando os protestos dos metroviários, as polícias cheias de dedo para evitar imagens chocantes mundo afora e os cidadãos amargando um trânsito horroroso.
Imagina-se que, para essas "vítimas", não interessa de quem é a culpa, se é do prefeito, do governador, da presidente da República. O alvo do mau humor é generalizado, daí o recorde de 37% sem candidatos.
Pelo menos até agora, porém, a insatisfação não se reflete proporcionalmente nas intenções de voto no maior colégio eleitoral do país, com mais votos do que regiões inteiras.
Como Fernando Haddad não é candidato em outubro, vamos a Geraldo Alckmin, do PSDB, e a Dilma Rousseff, do PT, ambos candidatos à reeleição. Enquanto Alckmin tem surpreendentes 44% no Datafolha, Dilma está mal na foto paulista: 61% dizem que não votariam nela "de jeito nenhum" e ela perde, num eventual segundo turno, não só para o segundo colocado, Aécio Neves, mas até para Eduardo Campos, que caiu quatro pontos no cômputo nacional.
Esse resultado, que deve doer na alma do ex-presidente Lula, não é exclusivo de Dilma, mas do próprio PT, e atinge em cheio duas das melhores promessas do partido. A popularidade de Haddad não é nada animadora e o candidato ao Bandeirantes, Alexandre Padilha, amarga 3%, contra os 44% do líder Alckmin.
Já que hoje é a convenção nacional do PMDB para selar apoio a Dilma, vale destacar a inversão em São Paulo: não é o PMDB que vai apoiar o PT, mas provavelmente o contrário. Padilha está sendo discretamente jogado ao mar, enquanto o pemedebista Paulo Skaf nada de braçada rumo ao segundo turno --se houver segundo turno. O PDT e o Pros, que não são bobos nem nada, já mudaram oportunamente de barco.
O risco de Padilha é olhar em volta e se ver uma ilha no próprio PT.
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