• Comício de abertura no dia 31 de julho em São Paulo lembrará as origens do PT
Simone Iglesias – O Globo
BRASÍLIA e SÃO PAULO — A CUT será a anfitriã do primeiro grande comício da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, no dia 31 deste mês, em São Paulo. Na semana seguinte, Dilma fará outro evento para reunir as centrais sindicais UGT, CGTB, UST e CTB. Os petistas esperam levar também a esse segundo comício a “ala dilmista” da Força Sindical, segunda maior central do país cujo comando apoia o tucano Aécio Neves.
A ideia, ao fazer um ato de largada com os sindicatos, é aproximar a campanha petista de sua origem e tentar garantir uma “onda vermelha”, antes do começo da propaganda eleitoral de televisão.
Dilma evita corpo a corpo
A campanha da presidente, no entanto, deve ser marcada por poucos eventos de rua. Os seus coordenadores estimam que, além desses dois comícios, serão realizados mais cinco ou seis e que, dificilmente, Dilma fará caminhadas nas grandes cidades.
A presidente foi convidada para participar de evento do gênero nesta sexta-feira, em São Paulo, com o candidato do PT ao governo, Alexandre Padilha, mas não irá. A justificativa, que será repetida durante toda a campanha, é que, “por questão de segurança”, a presidente não pode se expor dessa forma em público.
A campanha priorizará as gravações para a TV e vídeos curtos de Dilma para serem divulgados em sites, blogs, e redes sociais, principalmente. Além da questão de segurança e da falta de tempo — já que a presidente tem de governar e pedir votos ao mesmo tempo — para a realização de comícios, o PT quer evitar saias-justas nos estados onde há conflitos regionais. No Rio, não se decidiu ainda o que fazer. Possivelmente, disse um integrante da coordenação, a solução será fazer eventos que reúnam artistas e intelectuais num palanque, como em 2010, em vez de se reunir com os candidatos ao Palácio da Guanabara.
O fato de Lula estar disposto a rodar o país fazendo campanha também pesa na decisão de fazer poucos comícios com Dilma. A estratégia será fazer o ex-presidente subir no maior número de palanques possível, priorizando os dos candidatos do PT. No Rio, afirmou um dirigente, poderá haver, no mesmo dia, um ato de campanha de Dilma com movimentos sociais, e de Lula com Lindbergh Farias (PT), senador que concorrer ao governo.
Em reunião da coordenação, segunda-feira, o núcleo político fez uma avaliação da Copa do Mundo e do sucesso de sua realização no Brasil.
— Foi o fracasso total da torcida contra e dos agourentos — disse um integrante.
A Copa, porém, deixará de ser central no debate político, concluíram os dirigentes. A partir de agora, a tônica será a economia e as propostas de governo.
O presidente do PT, Rui Falcão, negou que o ex-ministro Franklin Martins deixará a campanha e disse que o post que ele publicou no site “Muda Mais”, com críticas à CBF, não foi motivo de estresse entre os integrantes da coordenação.
— Faz parte de qualquer campanha a divergência de ideias. Todo mundo pode divergir, eu, a presidente Dilma, qualquer um. Isso não significa crise, tensão, fogo amigo. Não causou desunião, nem o afastamento de ninguém — disse Falcão.
Lula fala nas redes sociais
O presidente do PT afirmou que o episódio foi superado e que não haverá, por iniciativa do partido, nenhum tipo de filtro ou controle nos textos publicados nos sites da campanha.
— Não tem censura, não existe controle de conteúdo. Isso seria contrário à vida dos sites — afirmou o presidente.
A campanha de Dilma usou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas redes sociais e no WhatsApp, para criticar o discurso apartidário adotado por grupos que foram às ruas protestar no ano passado e durante a Copa do Mundo.
— Se a gente quiser mudar a política, só tem um jeito: é entrando nela. Porque, negando ela, tudo vai ficar pior — afirmou o ex-presidente em vídeo gravado pelo Instituto Lula.
O ex-presidente citou o início da sua formação sindical quando, aos 23 anos, também negava a representação partidária. Para Lula, a “desgraça de quem não gosta de política” é ser governado por “aqueles que eles acham que são ladrões”:
— A desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. Então, fica na rua protestando, dizendo que nada vale a pena, que está tudo errado, que ninguém presta. E não faço nada, e não entro para disputar o jogo. Não coloco a minha cara. Não vou eu ser candidato para provar que sou capaz de fazer melhor do que aqueles que eu critico, a política continua a mesma. Então, eu digo para a juventude: a desgraça de quem não gosta de política é (ser) governada por quem gosta. E se quem gosta for sempre a minoria, significa que a maioria bem intencionada, a maioria que nega tudo, é sempre governada por aqueles que eles acham que são ladrões, por aqueles que eles acham que são espertos.
(Colaborou Renato Onofre).
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