sábado, 4 de julho de 2015

Parte do PMDB sonda tucanos sobre gestão Temer

Erich Decat – O Estado de S. Paulo

• Integrantes do partido procuraram FHC e Aécio para saber sobre possibilidade de aliança, caso Dilma seja alvo de impeachment

BRASÍLIA - Em meio ao processo de descolamento do governo Dilma Rousseff, representantes do PMDB passaram a procurar integrantes da cúpula do PSDB para sondá-los sobre um apoio no caso de o vice-presidente da República, Michel Temer, assumir o comando do governo no lugar da petista em um eventual processo de impedimento. Há cerca de dez dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro a ser procurado por um integrante da Executiva Nacional do PMDB para saber sobre a possibilidade de uma aliança informal neste momento.

Segundo um peemedebista que teve acesso às conversas, o tucano teria dito que apoiaria uma coalizão em torno de Temer. Além de FHC, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), foi sondado sobre um possível apoio a um mandato presidencial de Temer por integrantes do PMDB. Para esses peemedebistas, Dilma dificilmente escapará no segundo semestre do processo que enfrenta no Tribunal de Contas da União (TCU) em que poderá responder pelas chamadas "pedaladas fiscais".

As conversas com FHC, ocorreram na mesma época em que houve vazamentos de parte da delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, que ficou seis meses em uma cela em Curitiba e hoje cumpre prisão domiciliar. Pessoa citou ministros do núcleo duro do Planalto - os titulares da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, que foi tesoureiro do comitê à reeleição de Dilma - como receptores de recursos de caixa para campanhas eleitorais.

Na quinta-feira, os dois ministros rebateram ataques de lideranças do PMDB e conter movimentações na legenda pela saída Temer da articulação política. Em meados de junho, em reunião no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, Mercadante havia pedido a saída do vice do posto estratégico.

Segundo integrantes do PMDB, a sondagem a Aécio ocorreu nesta semana. E a conversa teve como tema central a situação de Dilma no TCU. O tribunal deve se reunir entre os meses de agosto e setembro para julgar o chamado Balanço Geral da União referente ao ano de 2014. As movimentações do PMDB, segundo relatos, não têm sido orquestradas por Temer, que vive sob pressão de setores do partido para deixar a articulação política do governo nos próximos meses.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu abertamente essa alternativa. A principal queixa externada publicamente tem sido a falta de respaldo do Planalto nos acordos negociados pelo vice-presidente com integrantes da base aliada, sobretudo as promessa de cargos e a liberação de emendas.

Um discurso que deverá ser encampado nos próximos dias por alguns peemedebistas é que os problemas enfrentados na articulação política podem inclusive atrapalhar as pretensões do partido em lançar uma candidatura própria nas próximas eleições presidenciais, uma vez que a legenda passaria a imagem para potenciais aliados de que o partido não é cumpridor de promessas.

Correções
Diferentemente do publicado na Primeira Página de ontem, o prejuízo, de R$ 19 bilhões calculado pela Polícia Federal teria sido provocado pelo esquema de desvios na Petrobrás, e não pela Operação Lava jato.

O título da reportagem "Petistas defendem ministro após tentativa de enquadro" (pág. A6 de ontem.) usou de forma incorreta a palavra "enquadro". O título foi trocado por: "Após pressão do partido, deputados defendem ministro".

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