quinta-feira, 19 de novembro de 2015

MP pede quebra de sigilos de Carvalho

• Pedido da Operação Zelotes é extensivo às empresas de Luis Claudio Lula da Silva

Jailton Carvalho - O Globo

-BRASÍLIA- Procuradores que estão à frente da Operação Zelotes endossaram sugestão da Receita Federal e pediram a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-secretário-geral da Presidência Gilberto Carvalho e também da LFT Marketing Esportivo e mais duas empresas de Luis Claudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O pedido foi apresentado no mês passado. Caberá ao juiz da 10ª Vara Federal, Vallisney Oliveira, decidir se os argumentos são suficientes para autorizar uma devassa nas contas do ex-ministro e das empresas do filho do expresidente. A Receita Federal sugeriu a quebra do sigilo bancário e fiscal a partir de investigação sobre a atuação de um grupo de lobistas supostamente chefiado pelo ex-vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) Mauro Marcondes.

O grupo é acusado de receber mais de R$ 32 milhões da Caoa e da MMC, representantes da Hyundai e Mitsubishi, para comprar trechos de uma medida provisória favoráveis às duas montadoras. A medida foi editada em 2009 pelo então presidente Lula e aprovada pelo Congresso. O texto foi reeditado em 2011 e 2013.

A PF identificou diversos políticos e servidores públicos que tiveram contato com Mauro Marcondes
durante as negociações da medida provisória de isenção fiscal para as montadoras. Entre essas pessoas está Carvalho. Em depoimento à PF em 26 de outubro, Carvalho disse que agendou reunião de Marcondes com Lula.

Carvalho argumenta que Marcondes era vice-presidente da Anfavea e, portanto, era natural que fosse recebido pelo presidente. Segundo ele, vários outros empresários do setor se reuniram com Lula para tratar da MP.

Os investigadores da Zelotes querem aprofundar a apuração sobre pagamentos de R$ 2,4 milhões de uma empresa de Marcondes para a LFT Marketing Esportivo, em 2014.

Em depoimento à PF, Marcondes disse que contratou a LFT para fazer pesquisas e consultorias relacionadas ao marketing esportivo. A PF acha as explicações insuficientes. A empresa de Luis Claudio não tem funcionários.

Carvalho disse que não vê problema na quebra do sigilo bancário e fiscal dele. Afirmou que, quando compareceu a PF para depor, colocou a disposição dos investigadores as contas bancárias, fiscais e telefônicas. Ele só não concorda com a proposta inicial da Receita de estender a quebra dos sigilo aos contas de um restaurante que a filha tinha em Brasília. O restaurante faliu:

— Da minha parte estou tranquilo. Sou homem público, não tenho problema em ser investigado. Só espero que excluam a minha família. O restaurante faliu. Vai ser uma exposição pública desnecessária.

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