- Diário do Poder
Poucos exemplos são tão ou mais emblemáticos do desmantelo do desgoverno
lulopetista e das terríveis consequências de sua incompetência do que a trágica
expansão dos casos de microcefalia em bebês infectados com o vírus zika,
transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue, da
febre amarela e do vírus chikungunya. Segundo o balanço mais recente do
Ministério da Saúde, o país já registra nada menos que 270 casos confirmados e
outros 3.448 casos suspeitos de bebês com microcefalia, caracterizada por uma
má formação cerebral que faz com que o crânio do feto não se desenvolva
normalmente.
Ainda de acordo com o levantamento, que começou a ser realizado em
outubro do ano passado, os dados indicam um avanço de 3% do número de casos em
todo o país em apenas uma semana. Até aqui, as notificações foram feitas em 830
municípios de 23 estados e contabilizam os registros até o dia 23 de janeiro. O
número de mortes de bebês com microcefalia já chega a 53, das quais 12
relacionadas ao vírus zika.
O vergonhoso descaso das autoridades brasileiras, evidenciado pela falta
de uma política pública de combate ao mosquito transmissor, causa perplexidade,
indignação e pânico generalizado. Velha conhecida da população há algumas
décadas, a dengue se alastra mais uma vez por todo o país e, agora, a
propagação do vírus zika também ganha proporções dramáticas. A inoperância do
poder público vem transformando o Brasil em um imenso criadouro para o Aedes
aegypti, que aqui encontra as condições ideais para sua proliferação.
A situação chegou a tal ponto de calamidade que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) emitiu um alerta já dando conta da presença do mosquito transmissor
da dengue e do vírus zika em todos os países do continente, exceto Chile e
Canadá, e em 21 das 55 nações e territórios das Américas. Alguns países
alertaram seus cidadãos, em especial as mulheres grávidas, sobre os riscos de
uma viagem ao Brasil em meio ao surto de microcefalia. E tudo isso, vejam só,
às vésperas da Olimpíada no Rio de Janeiro, um dos maiores eventos esportivos
do mundo e que atrairá milhares de turistas ao país neste ano. Para completar,
o Ministério da Saúde diz que a vacina contra a dengue é "muito
cara", enquanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por outro
lado, pede agilidade no desenvolvimento de testes, vacinas e tratamentos para
combater o vírus zika. O governo brasileiro, como de costume, segue passivo e
não faz a sua parte.
Trata-se, lamentavelmente, de um retrato perfeito do desmantelo, do
despreparo e da desmoralização de um governo que já não mais governa. Um país
que já teve um ministro da Saúde da estatura de José Serra, mundialmente
reconhecido por sua notável atuação durante o governo de Fernando Henrique
Cardoso, hoje acompanha o loteamento desbragado de um ministério tão crucial.
Ao indicar o atual ministro para o cargo, Dilma Rousseff não levou em conta
seus conhecimentos, aptidões ou ligação com a área. Teve como único objetivo
cooptar parte do PMDB para que a tese do impeachment não avançasse no seio do
partido – o que dá a medida da falta de rumo do governo e do descaso da
presidente da República em relação à Saúde.
Como se não bastasse toda a corrupção desenfreada que marcou os 13 anos
de governos lulopetistas, com o mensalão, o petrolão e a sucessão de escândalos
e suspeitas que agora recaem fortemente sobre o ex-presidente Lula e seu
entorno político e familiar, além da recessão econômica, da volta da inflação,
do desemprego galopante e dos crimes de responsabilidade cometidos por Dilma e que
ensejam a abertura do processo de impeachment, o Brasil sente as dores do seu
próprio atraso e sofre com o desastre na saúde.
A irresponsabilidade de um governo que age a reboque dos acontecimentos,
apenas lutando para sobreviver e evitar o impeachment desejado pela ampla
maioria dos brasileiros, compromete não só o presente, mas o futuro das novas
gerações. A dengue e a microcefalia formam a face talvez mais visível e
perversa de uma página sombria de nossa história, escrita nesses tristes tempos
de lulopetismo. O Brasil está doente.
----------------
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do
PPS
Nenhum comentário:
Postar um comentário