• PSDB, em nota, pede prudência e até líder do DEM adota silêncio
Cristiane Jungblut, Isabel Braga - O Globo
- BRASÍLIA- A oposição recebeu com elevada cautela e atacou a fragilidade do pedido de prisão do ex- presidente Lula feito pelo Ministério Público de São Paulo. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), conversou com integrantes da cúpula tucana sobre a gravidade do momento. A avaliação é de que se abre um precedente muito grave ao pedir a prisão em fase inicial de investigação.
A cúpula do partido entende que pedir a prisão de um ex-presidente da República, neste momento do processo, seria uma medida extrema e oferece discurso para os que querem vitimizar o ex- presidente. O tom crítico do comando do PSDB foi dado pelo líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima ( PB), em entrevista e também em nota oficial dos tucanos. Há ainda o temor do recrudescimento dos ânimos, às vésperas das manifestações marcadas para este domingo.
— Diante das circunstâncias que o país vive e o aumento da temperatura, o pedido de prisão, ainda na fase de inquérito, de um ex-presidente da República parece uma medida extrema. Não é um momento banal e é preciso que todos tenham consciência da gravidade do momento — disse Cássio Cunha Lima, considerando esse pedido de prisão algo inusitado.
Mais tarde, em nota, foi ainda mais enfático na crítica ao pedido de prisão de Lula.
“Não estão presentes os fundamentos que autorizam o pedido de prisão preventiva, até porque o Ministério Público Federal e a Polícia Federal fizeram buscas e apreensões muito recentemente buscando provas. Vivemos um momento incomum na vida nacional. É preciso ter prudência”, afirmou o senador Cássio Cunha Lima, na nota.
Até mesmo o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), um dos mais ferrenhos opositores ao governo e defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff, foi cauteloso. Caiado não quis comentar o pedido e disse que aguardaria a decisão da Justiça sobre o caso para se manifestar.
Líder na Câmara destoa da cúpula
Mas, entre os opositores mais combativos, o pedido de prisão preventiva de Lula da Silva foi visto como uma consequência da reação extremada de apoiadores dele ao pedido de condução coercitiva feito pelo juiz Sérgio Moro. Para os líderes, ao tomar tal atitude, os promotores de São Paulo têm elementos de culpa formada.
— Para chegar a esse ponto, acredito que o Ministério Público estadual tenha reunido comprovações suficientes de prática de delito até porque os indícios de provas materiais reveladas nos últimos dias são bastante robustas. As reações que nós vimos (à condução coercitiva), foram manifestações de correligionários ligados ao ex-presidente. Acho que o país é bastante maduro, temos uma democracia consolidada e as instituições funcionando plenamente — afirmou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
Para o presidente nacional do DEM, José Agripino Maia (RN), a crise sem precedentes vivida no país e a reação de estímulo a confronto geradas pelo pedido de condução coercitiva de Lula pode ter motivado esse novo pedido de prisão preventiva. O líder diz que o momento recomenda sensatez e respeito às instituições.
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