sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Taxa média de desemprego vai subir de 8,5% para 11,5% este ano

• Se confirmadas as projeções, serão 3 milhões a mais de desocupados

Daiane Costa | O Globo

A taxa média de desemprego este ano será três pontos maior do que a média registrada no ano passado, subindo de 8,5% para 11,5%, segundo projeções do economista e pesquisador do Ibre/FGV Bruno Ottoni. Com isso, o segundo ano de recessão no mercado de trabalho deve fechar com 3 milhões a mais de desocupados em relação a 2015. Se essa projeção se confirmar, será mais um recorde para a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal do IBGE, iniciada em 2012. Fato que colabora para a economia continuar patinando em 2017.

— Na prática, isso converge com o cenário mais adverso do que esperávamos no meio do ano, e que levou a revisões para baixo do PIB. E, quanto mais pessoas desempregadas, menos dinheiro gira a economia, o que acaba restringindo o consumo — analisa Thiago Xavier, economista da consultoria Tendências, que também estima que a taxa média de desemprego para o ano de 2016 fique em 11,5%.

As projeções foram elaboradas por Ottoni após a divulgação dos resultados do trimestre encerrado em novembro, quando tanto a taxa de desemprego (11,9%) quanto o contingente de desempregados (12,1 milhões) ficaram estatisticamente estáveis em relação ao trimestre anterior, encerrado em agosto, usado como base de comparação. Naquele período, 12 milhões de pessoas buscavam emprego e a taxa estava em 11,8%. Em relação ao trimestre encerrado em novembro do ano passado, o grupo de desempregados cresceu 33,1%, o que equivale a 3 milhões de pessoas a mais em busca de trabalho. Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, ressalta que a estabilidade registrada em novembro é a primeira depois de dez altas consecutivas da taxa em relação ao trimestre anterior:

— Este cenário está longe de ser favorável porque ainda temos 12 milhões de pessoas desempregadas e a taxa média de desemprego esse ano já está em 11,2%, mas já é uma trégua dentro do atual contexto. 

RENDIMENTO MÉDIO ESTÁVEL 
Na avaliação de Ottoni, apesar dos números continuarem ruins, ao contrário de 2015, quando o aquecimento tradicional da economia no fim do ano não conseguiu impedir a alta do desemprego, que pulou de 8,7% agosto para 9% em novembro, este ano a sazonalidade parece ter freado a alta do desemprego:

— Nesses dois primeiros meses desse período já vemos uma estabilização da taxa, mas é uma reação normal e esperada, por conta da sazonalidade.

Com 36 anos e um filho de cinco meses, Daniele Vitória Silva foi demitida do escritório de advocacia onde trabalhava como auxiliar de recursos humanos assim que voltou da licença-maternidade. Ela, o marido e o filho tiveram que se mudar para a casa da mãe, em Piedade. Lá, estão ajudando a arcar com as contas, já que a mãe de Daniele é aposentada e pensionista do Estado e está com os salários atrasados.

— O nosso aluguel custava R$ 1.100. Não tínhamos como arcar com esse gasto só com o salário do meu marido. Fico pensando no futuro do meu filho e me dá vontade de colocar ele no útero de novo — conta Daniele.

A população ocupada ficou estável em em relação ao trimestre de junho a agosto de 2016 e recuou 2,1% em comparação com igual trimestre do ano passado, com uma redução de 1,9 milhão de pessoas ocupadas. Os empregados com carteira de trabalho assinada (34,1 milhões de pessoas) ficou estável em relação a agosto de 2016, mas 3,7% menor em relação ao mesmo trimestre de 2015.

O rendimento médio real ficou estável frente ao trimestre de junho a agosto (R$ 2.027) e também em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.041). A massa de rendimento real habitual em todos os trabalhos das pessoas ocupadas foi estimada em R$ 178,9 bilhões.

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