Por Marcelo Ribeiro e Carla Araújo | Valor Econômico
BRASÍLIA - Um manifesto suprapartidário será lançado hoje com o objetivo de defender a formação de um bloco único das legendas ditas de centro, já no primeiro turno da disputa eleitoral. Até agora, são cerca de 30 signatários, entre intelectuais e parlamentares ligados a vários partidos, como PSDB, MDB, DEM, PPS, PTB, PSD e PV. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) foram alguns dos que assinaram o texto.
Batizado "Por um polo democrático e reformista", o documento avalia que a eleição de 2018 é "uma oportunidade rara e única" de recolocar o país nos trilhos e "se apresenta talvez como a mais complexa e indecifrável de todo o período da redemocratização".
"Existem ameaças e oportunidades, interrogações e expectativas, perplexidades e exigências da realidade povoando o ambiente pré-eleitoral. Tudo que o Brasil não precisa, para a construção de seu futuro, é de mais intolerância, radicalismo e instabilidade. Para nos libertarmos dos fantasmas do passado, superarmos definitivamente a presente crise e descortinarmos novos horizontes é central a construção de um novo ambiente político que privilegie o diálogo", propõe o manifesto.
Dois dos principais signatários, Cristovam e deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) negam que o manifesto seja para favorecer o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, que, entre os postulantes do centro, é o que aparece em melhor posição nas pesquisas mais recentes. "Não é uma articulação pró-Alckmin. É um chamado pela unidade do centro político para evitar que a dispersão nos tire do segundo turno e para impedir o duelo do apocalipse, entre a catástrofe e o desastre", disse Pestana. "Se fosse um movimento parcial, pediríamos que os outros pré-candidatos do centro deixassem a disputa. A unidade deve ser em torno de quem estiver alinhado com os pontos do manifesto e despontar nas pesquisas", completou Cristovam.
No documento, as lideranças signatárias conclamam "as forças democráticas e reformistas" a se unirem em torno de um projeto nacional que inaugure um ciclo de desenvolvimento social e econômico e "afaste um horizonte nebuloso de confrontação entre populismos radicais, autoritários e anacrônicos". Sem citar nomes, o manifesto deixa claro o objetivo de evitar que a corrida presidencial seja polarizada entre um representante da esquerda e o candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro.
"Pavimentar o caminho da unidade terá obrigatoriamente de ser obra coletiva, envolvendo partidos políticos, lideranças da sociedade civil e todos aqueles que pensam o Brasil fora do paradigma autoritário, populista, atrasado e bolivariano", defende o documento.
O manifesto lista 17 pontos que devem alimentar o debate entre as siglas do centro, entre eles, o equilíbrio fiscal; a proposta de mudança na estrutura do sistema tributário; e a reforma do sistema previdenciário classificado como "injusto e insustentável".
No documento, também será sugerido o debate sobre uma política externa "que privilegie os verdadeiros interesses nacionais, e não ultrapassadas e equivocadas identidades ideológicas"; uma postura firme no setor de segurança pública; e a concretização de uma profunda reforma política.
"Os signatários deste manifesto têm a ousadia de propor a união política de todos os segmentos democráticos e reformistas. Se tivermos êxito, estaremos dando uma inestimável contribuição para afastarmos do palco alternativas de poder que prenunciam um horizonte sombrio".
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