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O Globo
Centenas
de economistas, entre eles quatro ex-ministros da Fazenda (Marcilio Marques
Moreira, Pedro Malan, Mailson da Nóbrega e Rubem Ricupero), cinco
ex-presidentes do Banco Central (Afonso Celso Pastore, Arminio Fraga, Gustavo
Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida), ex-presidentes do BNDEs (Edmar Bacha,
Eleazar de Carvalho) dentre outros, abrangendo diversas gerações de
economistas, pessoas da academia, do mercado financeiro, ex-membros de governos
diversos, e empresários lançaram uma Carta intitulada “País Exige Respeito; a
Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo”, a propósito da atual crise
brasileira, com sugestões concretas do que deve ser feito para tentarmos
superar a pandemia da Covid-19.
Diante de situação econômica e social “desoladora”, e de um governo que
“subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou
negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a
pandemia”, eles sugerem até mesmo a possibilidade de adoção de um lockdown
nacional. Calculam que a redução do nível da atividade nos custou menos do que
o atraso na vacinação:
“Uma perda de arrecadação tributária apenas no âmbito federal de 6,9%,
aproximadamente R$ 58 bilhões, e o atraso na vacinação irá custar em termos de
produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em
2021, supondo uma recuperação retardatária em dois trimestres”.
Segundo os economistas, “o efeito devastador da pandemia sobre a economia
tornou evidente a precariedade do nosso sistema de proteção social” e, além do
auxílio emergencial, “não devemos adiar mais o encaminhamento de uma reforma no
sistema de proteção social, visando aprimorar a atual rede de assistência
social e prover seguro aos informais”.
O documento destaca que “a experiência internacional com programas de aval
público para financiamento privado voltado para pequenos empreendedores durante
um choque negativo foi bem-sucedida na manutenção de emprego, gerando um
benefício líquido positivo à sociedade”. A retomada de linhas avalizadas pelo
Fundo Garantidor para Investimentos e Fundo de Garantia de Operações é uma
medida importante de transição entre a segunda onda e o pós-crise.
As medidas imediatas seriam:
1. Acelerar o ritmo da vacinação, usando a política externa para apoiar a
obtenção de vacinas, seja nos grandes países produtores, seja nos que têm ou
terão excedentes em breve.
2. Incentivar o uso de máscaras, tanto com distribuição gratuita quanto com
orientação educativa. O Brasil poderia distribuir máscaras à população de baixa
renda, explicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da
Covid. Considerando o público do auxílio emergencial, de 68 milhões de pessoas,
por exemplo, e cinco reusos da máscara, tal como recomenda o Center for Disease
Control do EUA, chegaríamos a um custo mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2% do
gasto estimado mensal com o auxílio emergencial.
3. Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local, com
coordenação nacional. As decisões devem ser de responsabilidade das autoridades
locais. É urgente que os diferentes níveis de governo estejam preparados para
implementar um lockdown emergencial, definindo critérios para a sua adoção.
O fechamento de escolas no Brasil atingiu de forma mais dura as crianças mais
pobres e suas mães. Portanto, as escolas devem ser as últimas a fechar e as
primeiras a reabrir em um esquema de distanciamento social.
4. Criar mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional –
preferencialmente pelo Ministério da Saúde e, na sua ausência, por consórcio de
governadores – orientada por uma comissão de cientistas e especialistas.
“O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o
estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a
liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais,
dificulta a adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número
de infectados e de óbitos, aumenta custos em que o país incorre”.
Integra
da carta:
O
País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo
Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia
O Brasil é hoje o epicentro mundial da Covid-191, com a maior média móvel de
novos casos.
Enquanto caminhamos para atingir a marca tétrica de 3 mil mortes por dia e um
total de mortes acumuladas de 300 mil ainda esse mês, o quadro fica ainda mais
alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde na grande maioria de estados,
com insuficiente número de leitos de UTI, respiradores e profissionais de
saúde. Essa situação tem levado a mortes de pacientes na espera pelo
atendimento, contribuindo para uma maior letalidade da doença.
A situação econômica e social é desoladora. O PIB encolheu 4,1% em 2020 e
provavelmente observaremos uma contração no nível de atividade no primeiro
trimestre deste ano². A taxa de desemprego, por volta de 14%, é a mais elevada
da série histórica, e subestima o aumento do desemprego, pois a pandemia fez
com que muitos trabalhadores deixassem de procurar emprego, levando a uma queda
da força de trabalho entre fevereiro e dezembro de 5,5 milhões de pessoas.
A contração da economia afetou desproporcionalmente trabalhadores mais pobres e
vulneráveis, com uma queda de 10,5% no número de trabalhadores informais
empregados, aproximadamente duas vezes a queda proporcional no número de
trabalhadores formais empregados³.
Esta
recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela
pandemia e não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma
atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os
recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência
científica no desenho das ações para lidar com a pandemia. Sabemos que a saída
definitiva da crise requer a vacinação em massa da população. Infelizmente,
estamos atrasados. Em torno de 5% da população recebeu ao menos uma dose de
vacina, o que nos coloca na 45ª posição no ranking mundial de doses aplicadas
por habitante.
O
ritmo de vacinação no país é insuficiente para vacinar os grupos prioritários
do Plano Nacional de Imunização (PNI) no 1º semestre de 2021, o que amplia o
horizonte de vacinação para toda a população para meados de 2022.
As
consequências são inomináveis. No momento, o Brasil passa por escassez de doses
de vacina, com recorrentes atrasos no calendário de entregas e revisões para
baixo na previsão de disponibilidade de doses a cada mês. Na semana iniciada em
8 de março foram aplicadas, em média, apenas 177 mil doses por dia.
No
ritmo atual, levaríamos mais de 3 anos para vacinar toda a população. O
surgimento de novas cepas no país (em especial a P.1) comprovadamente mais
transmissíveis e potencialmente mais agressivas, torna a vacinação ainda mais
urgente. A disseminação em larga escala do vírus, além de magnificar o número
de doentes e mortos, aumenta a probabilidade de surgirem novas
variantes com potencial de diminuir a eficácia das vacinas atuais.
Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade.
Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena
fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e
manutenção do emprego no ano de 2020.
Vacinas
têm um benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente
baixo. Poderíamos estar em melhor situação, o Brasil tem infraestrutura para
isso. Em 1992, conseguimos vacinar 48 milhões de crianças contra o sarampo em
apenas um mês.
Na
campanha contra a Covid-19, se estivéssemos vacinando tão rápido quanto a
Turquia, teríamos alcançado uma proporção da população duas vezes maior, e se
tanto quanto o Chile, dez vezes maior. A falta de vacinas é o principal
gargalo. Impressiona a negligência com as aquisições, dado que, desde o início
da pandemia, foram desembolsados R$ 528,3 bilhões em medidas de combate à
pandemia,
incluindo os custos adicionais de saúde e gastos para mitigação da deteriorada
situação econômica. A redução do nível da atividade nos custou uma perda
de arrecadação tributária apenas no âmbito federal de 6,9%, aproximadamente R$
58 bilhões, e o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda
não gerada nada menos do que estimados R$ 131,4 bilhões em 2021, supondo uma
recuperação retardatária em 2 trimestres.
Nesta
perspectiva, a relação benefício custo da vacina é da ordem de seis vezes para
cada real gasto na sua aquisição e aplicação. A insuficiente oferta de vacinas
no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos
orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação.
O quadro atual ainda poderá deteriorar-se muito se não houver esforços efetivos
de coordenação nacional no apoio a governadores e prefeitos para limitação de
mobilidade. Enquanto se busca encurtar os tempos e aumentar o número de doses
de vacina disponíveis, é urgente o reforço de medidas de distanciamento social.
Da mesma forma é essencial a introdução de incentivos e políticas públicas para
uso de máscaras mais eficientes, em linha com os esforços observados na União
Europeia e nos Estados Unidos.
A
controvérsia em torno dos impactos econômicos do distanciamento social reflete
o falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população
vulnerável. Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho econômico
sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de
Covid-19. A experiência mostrou que mesmo países que optaram inicialmente por
evitar o lockdown terminaram por adotá-lo, em formas variadas, diante do
agravamento da pandemia – é o caso do Reino Unido, por exemplo. Estudos
mostraram que diante
da aceleração de novos casos, a população responde ficando mais avessa ao risco
sanitário, aumentando o isolamento voluntário e levando à queda no consumo das
famílias mesmo antes ou sem que medidas restritivas formais sejam adotadas.15 A
recuperação econômica, por sua vez, é lenta e depende da retomada de confiança
e maior previsibilidade da situação de saúde no país.
Logo,
não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica em uma epidemia
descontrolada.
O efeito devastador da pandemia sobre a economia tornou evidente a precariedade
do nosso sistema de proteção social. Em particular, os trabalhadores informais,
que constituem mais de 40% da força de trabalho, não têm proteção contra o desemprego.
No ano passado, o auxílio emergencial foi fundamental para assistir esses
trabalhadores mais vulneráveis que perderam seus empregos, e levou a uma
redução da pobreza, evidenciando a necessidade de melhoria do nosso sistema de
proteção social. Enquanto a pandemia perdurar, medidas que apoiem os mais
vulneráveis, como o auxílio emergencial, se fazem necessárias. Em paralelo, não
devemos adiar mais o encaminhamento de uma reforma no sistema de proteção
social, visando aprimorar a atual rede de assistência social e prover seguro
aos informais. Uma proposta nesses moldes é o programa de Responsabilidade
Social, patrocinado pelo Centro de Debate de Políticas Públicas, encaminhado
para o Congresso no final do ano passado.
Outras medidas de apoio às pequenas e médias empresas também se fazem
necessárias. A experiência internacional com programas de aval público para
financiamento privado voltado para pequenos empreendedores durante um choque
negativo foi bem-sucedida na manutenção de emprego, gerando um benefício
líquido positivo à sociedade.
O
aumento em 34,7% do endividamento dos pequenos negócios durante a pandemia
amplifica essa necessidade. A retomada de linhas avalizadas pelo Fundo
Garantidor para Investimentos e Fundo de Garantia de Operações é uma medida
importante de transição entre a segunda onda e o pós-crise.
Estamos
no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de
agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis
e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e
notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por
ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de
fato a situação sem precedentes que o país vive.
Medidas indispensáveis de combate à pandemia: a vacinação em massa é condição
sine qua non para a recuperação econômica e redução dos óbitos.
1. Acelerar o ritmo da
vacinação. O maior gargalo para aumentar o ritmo da
vacinação é a escassez de vacinas disponíveis. Deve-se, portanto, aumentar a
oferta de vacinas de forma urgente. A estratégia de depender da capacidade de
produção local limitou a disponibilidade de doses ante a alternativa de
pré-contratar doses prontas, como fez o Chile e outros países. Perdeu-se um
tempo precioso e a assinatura de novos contratos agora não garante oferta de
vacinas em prazo curto. É imperativo negociar com todos os laboratórios que
dispõem de vacinas já aprovadas por agências de vigilância internacionais
relevantes e buscar antecipação de entrega do maior número possível de doses.
Tendo em vista a escassez de oferta no mercado internacional, é fundamental
usar a política externa – desidratada de ideologia ou alinhamentos automáticos
– para apoiar a obtenção de vacinas, seja nos grandes países produtores seja
nos países que têm ou terão excedentes em breve.
A vacinação é uma corrida contra o surgimento de novas variantes que podem
escapar da imunidade de infecções passadas e de vacinas antigas. As novas
variantes surgidas no Brasil tornam o controle da pandemia mais desafiador,
dada a maior transmissibilidade.
Com
o descontrole da pandemia é questão de tempo até emergirem novas variantes. O
Brasil precisa ampliar suas capacidades de sequenciamento genômico em tempo
real, de compartilhar dados com a comunidade internacional e de testar a
eficácia das vacinas contra outras variantes com máxima agilidade. Falhas e
atrasos nesse processo podem colocar em risco toda a população brasileira, e
também de outros países.
2. Incentivar o uso de
máscaras tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa.
Economistas estimaram que se os Estados Unidos tivessem adotado regras de uso
de máscaras no início da pandemia poderiam ter reduzido de forma expressiva o
número de óbitos. Mesmo se um usuário de máscara for infectado pelo vírus, a
máscara pode reduzir a gravidade dos sintomas, pois reduz a carga viral inicial
que o usuário é exposto. Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram
a recomendar o uso de máscaras mais eficientes – máscaras cirúrgicas e padrão
PFF2/N95 – como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo,
distribuindo máscaras melhores à população de baixa renda, xplicando a
importância do seu uso na prevenção da transmissão da Covid.
Máscaras com filtragem adequada têm preços a partir de R$ 3 a unidade. A
distribuição gratuita direcionada para pessoas sem condições de comprá-las,
acompanhada de instrução correta de reuso, teria um baixo custo frente aos
benefícios de contenção da Covid-1923. Considerando o público do auxílio
emergencial, de 68 milhões de pessoas, por exemplo, e cinco reusos da máscara,
tal como recomenda o Center for Disease Control do EUA, chegaríamos a um custo
mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2% do gasto estimado mensal com o auxílio
emergencial. Embora leis de uso de máscara ajudem, informar corretamente a
população e as lideranças darem o exemplo também é importante, e tem impacto na
trajetória da epidemia. Inversamente, estudos mostram que mensagens contrárias
às medidas de prevenção afetam a sua adoção pela população, levando ao aumento
do contágio.
3.
Implementar medidas de distanciamento social no âmbito local com
coordenação nacional. O termo “distanciamento social” abriga
uma série de medidas distintas, que incluem a proibição de aglomeração em locais públicos, o estímulo ao trabalho a distância, o fechamento de estabelecimentos comerciais, esportivos, entre
outros, e – no limite – escolas e creches. Cada uma dessas medidas tem impactos
sociais e setoriais distintos. A melhor combinação é aquela que maximize os
benefícios em termos de redução da transmissão do vírus e minimize seus efeitos
econômicos, e depende das características da geografia e da economia de cada
região ou cidade. Isso sugere que as decisões quanto a essas medidas devem ser
de responsabilidade das autoridades locais.
Com
o agravamento da pandemia e esgotamento dos recursos de saúde, muitos estados
não tiveram alternativa senão adotar medidas mais drásticas, como fechamento de
todas as atividades não-essenciais e o toque de recolher à noite. Os gestores
estaduais e municipais têm enfrentado campanhas contrárias por parte do governo
federal e dos seus apoiadores. Para maximizar a efetividade das medidas
tomadas, é indispensável que elas sejam apoiadas, em especial pelos órgãos
federais. Em particular, é imprescindível uma coordenação em âmbito nacional
que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual, caso
se avalie que é necessário cercear a mobilidade entre as cidades e/ou estados
ou mesmo a entrada de estrangeiros no país. A necessidade de adotar um lockdown
nacional ou regional deveria ser avaliado. É urgente que os diferentes níveis
de governo estejam preparados para implementar um lockdown emergencial,
definindo critérios para a sua adoção em termos de escopo, abrangência das
atividades cobertas, cronograma de implementação e duração.
Ademais,
é necessário levar em consideração que o acréscimo de adesão ao distanciamento
social entre os mais vulneráveis depende crucialmente do auxílio
emergencial. Há sólida evidência de que programas de amparo socioeconômico
durante a pandemia aumentaram o respeito às regras de isolamento social dos
beneficiários. É, portanto, não só mais justo como mais eficiente focalizar a
assistência nas populações de baixa renda, que são mais expostas nas suas
atividades de trabalho e mais vulneráveis financeiramente.
Dentre a combinação de medidas possíveis, a questão do funcionamento das
escolas merece atenção especial. Há estudos mostrando que não há correlação entre
aumento de casos de infecção e reabertura de escolas no mundo26. Há também
informações sobre o nível relativamente reduzido de contágio nas escolas de São
Paulo após sua abertura.
As
funções da escola, principalmente nos anos do ensino fundamental, vão além da transmissão do conhecimento, incluindo cuidados e acesso à alimentação de
crianças, liberando os pais – principalmente as mães – para o trabalho. O fechamento de
escolas no Brasil atingiu de forma mais dura as crianças mais pobres e suas
mães. A evidência mostra que alunos de baixa renda, com menor acesso às
ferramentas digitais, enfrentam maiores dificuldade de completar as atividades
educativas, ampliando a desigualdade da formação de capital humano entre os
estudantes28
. Portanto, as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a reabrir
em um esquema de distanciamento social. Há aqui um papel fundamental para o
Ministério da Educação em cooperação com o Ministério da Saúde na definição e
comunicação de procedimentos que contribuam para a minimização dos riscos de
contágio nas escolas, além do uso de ferramentas comportamentais para retenção
da evasão escolar, como o uso de mensagens de celular como estímulo para
motivar os estudantes, conforme adotado em São Paulo e Goiás.
4. Criar mecanismo de
coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional –
preferencialmente pelo Ministério da Saúde e, na sua ausência, por consórcio de
governadores – orientada por uma comissão de cientistas e especialistas, se
tornou
urgente. Diretrizes nacionais são ainda mais necessárias com a escassez de
vacinas e logo a necessidade de definição de grupos prioritários; com as
tentativas e erros no
distanciamento social; a limitada compreensão por muitos dos pilares da
prevenção,
particularmente da importância do uso de máscara, e outras medidas no âmbito do
relacionamento social. Na ausência de coordenação federal, é essencial a
concertação
entre os entes subnacionais, consórcio para a compra de vacinas e para a adoção
de
medidas de supressão.
O papel
de liderança:
Apesar do negacionismo de alguns poucos, praticamente todos os líderes da
comunidade internacional tomaram a frente no combate ao Covid-19 desde março de
2020, quando a OMS declarou o caráter pandêmico da crise sanitária. Informando,
notando a gravidade de uma crise sem precedentes em 100 anos, guiando a ação
dos indivíduos e influenciado o comportamento social.
Líderes políticos, com acesso à mídia e às redes, recursos de Estado, e
comandando atenção, fazem a diferença: para o bem e para o mal. O desdenho à
ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à
aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança
política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta a adesão
da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de
óbitos, aumenta custos que o país incorre.
O país pode se sair melhor se perseguimos uma agenda responsável. O país tem
pressa; o país quer seriedade com a coisa pública; o país está cansado de
ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias. O
Brasil exige respeito.
Assinam
esta carta (até às 15.30hs de sábado (20/03):
1
- Affonso Celso Pastore
2 - Alexandre Lowenkron
3 - Alexandre Rands
4 - Alexandre Schwartsman
5 - Álvaro de Souza
6 - Amanda de Albuquerque
7 - Ana Carla Abrão
8 - André de Castro Silva
9 - André Luis Squarize Chagas
10 - André Magalhães
11 - André Portela
12 - Andrea Lucchesi
13 - Angélica Maria de Queiroz
14 - Aod Cunha
15 - Armínio Fraga
16 - Beny Parnes
17 - Bernard Appy
18 - Bráulio Borges
19 - Braz Camargo
20 - Carlos Alberto Manso
21 - Carlos Ari
22 - Carlos Brunet Martins Filho
23 - Carlos Góes
24 - Carolina Grottera
25 - Cassiana Fernandez
26 - Christiano Penna
27 - Claudia Sussekind Bird
28 - Claudio Considera
29 - Cláudio Frischtak
30 - Claudio Ribeiro de Lucinda
31 - Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt
32 - Daniel Cerqueira
33 - Daniel Gleizer
34 - Danielle Carusi Machado
35 - Danilo Camargo Igliori
36 - Demósthenes Madureira de Pinho Neto
37 - Dimitri Szerman
38 - Edmar Bacha
39 - Eduardo Amaral Haddad
40 - Eduardo Augusto Guimarães
41 - Eduardo Mazzilli de Vassimon
42 - Eduardo Pontual
43 - Eduardo Souza-Rodrigues
44 - Eduardo Zilberman
45 - Eduardo Zylberstajn
46 - Eleazar de Carvalho
47 - Elena Landau
48 - Fabiana Rocha
49 - Fábio Barbosa
50 - Fabio Giambiagi
51 - Felipe Salto
52 - Fernando Genta
53 - Fernando Postali
54 - Fernando Veloso
55 - Flávio Ataliba
56 - Francisco Ramos
57 - Francisco Soares de Lima
58 - Gabriella Seiler
59 - Genaro Lins
60 - Giovanna Ribeiro
61 - Guilherme Irffi
62 - Guilherme Tinoco
63 - Guilherme Valle Moura
64 - Gustavo Gonzaga
65 - Gustavo Loyola
66 - Helcio Tokeshi
67 - Helena Arruda Freire
68 - Henrique Félix
69 - Horácio Lafer Piva
70 - Humberto Moreira
71 - Ilan Goldfajn
72 - Isacson Casiuch
73 - Joana C.M. Monteiro
74 - Joana Naritomi
75 - João Mário de França
76 - José Augusto Fernandes
77 - José Monforte
78 - José Olympio Pereira
79 - José Roberto Mendonça de Barros
80 - José Tavares de Araujo
81 - Josué Alfredo Pellegrini
82 - Juliana Camargo
83 - Juliano Assunção
84 - Laísa Rachter
85 - Laura de Carvalho Schiavon
86 - Laura Karpuska
87 - Leandro Piquet Carneiro
88 - Leane Naidin
89 - Leany Barreiro Lemos
90 - Leonardo Monteiro Monasterio
91 - Leonardo Rezende
92 - Lucas M. Novaes
93 - Lucia Hauptmann
94 - Luciano Losekann
95 - Luciene Pereira
96 - Luís Meloni
97 - Luis Terepins
98 - Maílson da Nóbrega
99 - Manoel Pires
100 - Manuel Thedim
101 - Marcela Carvalho Ferreira de Mello
102 - Marcelo André Steuer
103 - Marcelo Barbará
104 - Marcelo Cunha Medeiros
105 - Marcelo de Paiva Abreu
106 - Marcelo F. L. Castro
107 - Marcelo Fernandes
108 - Marcelo Justus
109 - Marcelo Kfoury
110 - Marcelo Leite de Moura e Silva
111 - Marcelo Pereira Lopes de Medeiros
112 - Marcelo Trindade
113 - Marcílio Marques Moreira
114 - Márcio Garcia
115 - Márcio Holland
116 - Márcio Issao Nakane
117 - Marco Bonomo
118 - Marcos Lederman
119 - Marcos Ross Fernandes
120 - Maria Alice Moz-Christofoletti
121 - Maria Cristina Pinotti
122 - Maria Dolores Montoya Diaz
123 - Mário Ramos Ribeiro
124 - Marisa Moreira Salles
125 - Maurício Canêdo Pinheiro
126 - Mauro Rodrigues
127 - Miguel Nathan Foguel
128 - Mônica Viegas Andrade
129 - Naercio Menezes Filho
130 - Natália Nunes Ferreira-Batista
131 - Nilson Teixeira
132 - Octavio de Barros
133 - Otaviano Canuto
134 - Patrícia Franco Ravaioli
135 - Paula Carvalho Pereda
136 - Paula Magalhães
137 - Paulo Hartung
138 - Paulo Hermanny
139 - Paulo Ribeiro
140 - Paulo Tafner
141 - Pedro Bodin de Moraes
142 - Pedro Cavalcanti Ferreira
143 - Pedro Henrique Thibes Forquesato
144 - Pedro Malan
145 - Pedro Moreira Salles
146 - Persio Arida
147 - Priscilla Albuquerque Tavares
148 - Rafael B. Barbosa
149 - Rafael Dix-Carneiro
150 - Regina Madalozzo
151 - Renato Fragelli
152 - Renê Garcia Jr.
153 - Ricardo de Abreu Madeira
154 - Ricardo Markwald
155 - Roberto Bielawski
156 - Roberto Iglesias
157 - Roberto Olinto
158 - Rodrigo Menon S. Moita
159 - Rogério Furquim Werneck
160 - Ruben Ricupero
161
- Ruy Ribeiro
162 - Sabino da Silva Porto Júnior
163 - Samira Schatzmann
164 - Samuel Pessoa
165 - Sandra Rios
166 - Sérgio Besserman Vianna
167 - Sergio Margulis
168 - Silvia Matos
169 - Solange Srour
170 - Stephanie Kestelman
171 - Synthia Santana
172 - Thomas Conti
173 - Tiago Cavalcanti
174 - Tomás Urani
175 - Vagner Ardeo
176 - Vilma da Conceição Pinto
177 - Vinicius Carrasco
178 - Vinícius de Oliveira Botelho
179 - Vitor Pereira
180 - Walter Novaes
181 - Wilfredo Leiva Maldonado
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