Folha de S. Paulo
Brasileiros sabem que progresso está
condicionado à redução das disparidades
Será que alguém em sã consciência acredita
que haja alguma chance real de desenvolvimento do Brasil sem que seja debelada
a extrema desigualdade socioeconômica que caracteriza a nação e sem um projeto
continuado de qualificação da educação?
Felizmente, a percepção da maioria dos brasileiros é a de que este é um país que não "vai pra frente" sem encarar com seriedade suas imensas discrepâncias, sendo que 87% consideram obrigação dos governos reduzir a diferença entre os muito ricos e os muito pobres.
O dado é da pesquisa "Nós e as
Desigualdades", realizada pela Oxfam Brasil e pelo Instituto
Datafolha, divulgada dia 15. Para 85% dos entrevistados, o progresso está
condicionado à redução das disparidades. Infelizmente, o levantamento também
aponta para a "queda do otimismo individual e ascensão do ceticismo
social": 65% não acreditam na redução das desigualdades nos próximos anos.
Coisa bastante compreensível numa pátria de
miseráveis —mas não de bobos—, onde 10% dos jovens entre 11 e 19 anos abandonaram
os estudos e o índice de menores não
alfabetizados mais que dobrou na pandemia.
Num cenário desses, é natural que 54% não
acreditem que a educação iguale as chances de crianças pobres virem a ter uma
vida bem-sucedida e que 62% duvidem que o trabalho equalize as chances dos mais
pobres. Um verdadeiro choque de realidade na falácia da meritocracia.
Ao mesmo tempo, a pesquisa revelou apoio
social a políticas públicas de inclusão, como a lei de cotas para ingresso nas
universidades federais —considerada importante por 74%.
Entre as principais prioridades listadas
para reduzir as desigualdades estão investimentos públicos em educação e saúde,
aumento da oferta de empregos, combate à corrupção, combate ao racismo e
aumento do salário-mínimo.
São informações muito relevantes,
especialmente a menos de duas semanas das eleições gerais no país onde 33
milhões passam fome,
mas não perdem a gana de viver.
Um comentário:
Está chegando o dia.
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