segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Maria Cristina Fernandes - Sem acuar Bolsonaro, Lula desperdiça vantagem

Valor Econômico

Dificilmente um momento da campanha poderia sintetizar melhor a campanha do que o debate da Band. O presidente Jair Bolsonaro saiu de uma situação de desvantagem, acuado que estava pela abordagem às adolescentes venezuelanas, para pautar a corrupção como eixo. Já o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que tem uma vantagem de seis milhões de votos e agregou a mais ampla frente de apoio já obtida por um candidato em segundo turno, gastou tempo demais para se defender e propagar seu governo demonstrando pouca agilidade para explorar as vulnerabilidades da atual gestão.

Contribuiu para o desempenho de Bolsonaro a decisão do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que mandou suspender a veiculação do vídeo em que o presidente da República diz ter “pintado um clima” com as adolescentes. Moraes foi o ministro com quem Bolsonaro mais antagonizou até hoje, chamando-o de "canalha". Ao mencionar o episódio, Lula excedeu-se na ironia, que é pouco clara para quem o assiste. A decisão de Moraes não o impediria de perguntar por que Bolsonaro, se constatou a prostituição de adolescentes, não tomou qualquer providência. Mas Lula não o fez.

Acuado pela exploração que Bolsonaro fez do “petrolão”, Lula bateu na tecla da corrupção que poderia ter sido punida sem quebrar a empresa sem mencionar a parcialidade do juiz do caso. Demorou-se tanto em se defender e em listar todos os feitos da Petrobras sob seu governo que deixou cinco minutos livres para Bolsonaro repisar os velhos temas das ditaduras latino-americanas e da ideologia de gênero.

Foi na exploração dos problemas do governo e não na louvação de sua gestão que Lula teve seus melhores momentos como na pergunta sobre a quantidade de universidades e escolas técnicas criadas por este governo. Como o presidente não respondesse, ele deu a resposta: apenas uma, no Tocantins, que havia sido aprovada no governo Dilma Rousseff.

Bolsonaro logo deu o troco ao perguntar a Lula por que ele não havia transferido Marcos Herbas Camacho, o Marcola, de um presidio paulista para um federal, que associou à morte de policiais em 2006, quando São Paulo era governado por Geraldo Alckmin. Foi a deixa para a associação de Bolsonaro com o crime organizado.

Lula até reagiu defendendo os moradores das comunidades que visitou da pecha de traficantes e dizendo que quem entende de crime organizado é Bolsonaro. Ao citar a morte da ex-vereadora Marielle Franco, porém, o petista não explica a vinculação. Pressupõe que o telespectador a faz quando, na verdade, não tem elementos para isso. Aquilo que lhe parece óbvio para o eleitor não é.

Lula explorou bem a incúria bolsonarista na pandemia, mas deixou correr solta a denúncia contra o consórcio Nordeste quando é sobre o governo federal que se acumulam os indícios de corrupção. E, finalmente, o petista deixou de explorar os erros de Bolsonaro na guerra religiosa, outro campo em que teria vantagem pelo uso desmedido feito pelo presidente em eventos como o Círio de Nazaré e o feriado de Nossa Senhora de Aparecida e pela agressividade de seus seguidores nesta ocasião.

6 comentários:

Anônimo disse...

Isso mesmo. Lula perdeu a chance de questionar o nesfasto naqueles casos mais recentes de corrupção do capitão tarado e degenerado !!

Anônimo disse...

O pedófilo da República será desmascarado.

Anônimo disse...

Lula ladrão seu lugar é na prisão!

Anônimo disse...

Bolsonaro e as adolescentes... Onde estava a ex-ministra Damares, sempre tão preocupada com pornografia infantil? O depravado pinta um clima com as meninas desprotegidas e nada faz pra ajudá-las? Este sujeito é um monstro, desprezível!

Anônimo disse...

Pois é, nada fez pra ajudá-las.

Mas, canalha q é, tentou faturar votos e urdiu uma estória tirada de sua mente sórdida. Oportunista q é, isso bozo faz, tirar vantagem de tudo ao invés de ajudar.
Com sua natureza, mesmo qd inventa estórias, a vileza aflora, daí o "pintou um clima".
Não consegue esconder sua alma, né, bolsonaro?

ADEMAR AMANCIO disse...

O ''pintou um clima'' era pra acabar com o comunismo no Brasil.
Então tá!