Temos problemas
crônicos no SUS e a pandemia realçou a importância das políticas publicas de
saúde. Mas certamente a condução da pandemia não foi das melhores. O Brasil é o
17º. país do mundo em número de mortes por milhão de habitantes. Temos 2,7% da
população mundial e 11% das mortes.
O presidente Lula nomeou para o Ministério da Saúde a cientista Nísia Trindade, a primeira mulher a ocupar o posto. Ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, se saiu bem na construção das parcerias para a produção das vacinas contra o Coronavírus e tem bom relacionamento com a comunidade científica internacional e com os organismos multilaterais. Sua nomeação sinaliza compromisso com a ciência e com o sistema público de saúde. Certamente, por sua respeitabilidade, conseguirá formar uma boa equipe.
Hoje temos mais de
51 mil equipes da estratégia de saúde de família espalhadas pelo Brasil, com
168 milhões de brasileiros cadastrados na atenção primária. Mas não basta
expandir a cobertura sem qualificar e tornar mais resolutivo o primeiro nível
de contato dos brasileiros com o SUS. Há sintomas de graves lacunas na sua
eficácia. Cito dois. O primeiro é a preocupante queda na cobertura vacinal. O
Brasil sempre foi modelo internacional na esfera da imunização. A cobertura
vacinal está despencando: em 2019, 73% dos cidadãos brasileiros estavam
imunizados, isto caiu para 67%, em 2020, e bateu nos 59%, em 2021, o patamar
ideal preconizado é 95%. O SUS oferece gratuitamente todas as vacinas recomendadas
pela Organização Mundial da Saúde. E o principal ator mobilizador é exatamente
a atenção primária.
Outro sintoma
verifiquei pessoalmente nas viagens ao interior de Minas nos últimos meses.
Implantamos, na nossa gestão à frente da SES/MG, o protocolo de classificação
de risco, onde o paciente é caracterizado com vermelho, laranja, amarelo, verde
ou azul. Em todos os hospitais de regiões diferentes que visitava perguntava à
direção qual o percentual de verdes e azuis em suas portas de entrada. Resposta
recorrente: 70%. Isto é um sinal claro de fracasso da atenção primária. Estes
pacientes deveriam ser cuidados no nível da atenção primária.
É urgente uma ação ambiciosa de qualificação da estratégia de saúde da família, sem o que, com recursos escassos, não conseguiremos melhorar os indicadores de saúde da população.
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