Folha de S. Paulo
Formação castrense precisa ser refundada no
apreço à legalidade e à democracia
A imprensa tem noticiado movimentações de
parlamentares petistas para modificar o tão propalado artigo 142 da
Constituição, sobre as Forças
Armadas. O objetivo seria deixar mais claro que os fardados não têm
papel "moderador" sobre o poder civil.
Tal sandice de papel "moderador"
só existe em delírios golpistas. Ademais, o governo não tem base sólida para
aprovar emenda sobre o tema e gastaria muito capital político em negociação com
um Congresso marcadamente de direita e fisiológico. A chance de piorar o artigo
é maior do que a de melhorá-lo.
Mais eficaz seria investir na formação militar, que precisa ser refundada no apreço à legalidade e à democracia e na subordinação ao poder civil. Sobre isso, trago à reflexão a história do brigadeiro Rui Moreira Lima (1919-2013), contada no belíssimo livro "Adelphi!", de seu filho, Pedro Luiz Moreira Lima, e de Elisa Colepicolo (Topbooks).
Na Segunda Guerra, jovem
piloto de aviação de caça, Rui combateu os fascistas, na Itália,
tendo cumprido 94 missões aéreas. Também sua atuação contra golpistas aqui no
Brasil, em diferentes momentos da nossa história, o eleva ao panteão dos
grandes heróis.
Rui foi muito influenciado pelo pai, Bento,
juiz em Caxias, no Maranhão. Quando entrou na escola militar, em 1939, recebeu
uma carta do pai, que foi seu norte por toda a vida. Eis um trecho: "O
povo desarmado merece o respeito das Forças Armadas. Estas não devem esquecer
que é este povo que deve inspirá-las nos momentos graves e decisivos. Nos
momentos de loucura coletiva deves ser prudente, não atentando contra a vida
dos teus concidadãos. O soldado não pode ser covarde e nem fanfarrão. (...) O
soldado não conspira contra as instituições pelas quais jurou fidelidade. Se o
fizer, trai os seus companheiros e pode desgraçar a nação".
A carta de Bento Moreira Lima e a biografia
do brigadeiro Rui deveriam ser estudadas nas academias militares. Já seria um
bom começo.
3 comentários:
Concordo com a Cristina.
"O soldado não pode ser covarde e nem fanfarrão." Só por isto Jair Bolsonaro já seria um MAU MILITAR, como sempre foi considerado por seus superiores e pelo general Ernesto Geisel.
Já está mais do que na hora do mundo começar a organizar o governo mundial com orientação democrática, humanista, socialista, e ecológica. Nações e militares é coisa de bárbaro. O militar perfeito já foi testado pelos Turcos que foram os janízaros, escravos militares. Mas mesmo assim dar armas a um escravo é perigoso. Você não sabe onde ele vai enfiar a baioneta.
Curta e direta.
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