O Estado de S. Paulo
A inflação de maio (variação do IPCA)
trouxe boas notícias tanto sobre o passado quanto sobre o futuro.
Ficou abaixo da esperada, em 0,23%, e
derrubou também a acumulada em 12 meses, de 4,18% para 3,94%. Convém lembrar também
que, em maio de 2022, a inflação acumulava alta de 11,73% em 12 meses.
Isso, por si só diz, muita coisa. A redução da inflação começou a produzir impacto sobre corações e mentes, não só no mercado financeiro, mas, também, no mercado de bens e serviços. Os fazedores de preço se veem obrigados a reajustar menos suas mercadorias e serviços, porque temem o encalhe se a mão pesar demais nas remarcações. Os especialistas chamam isso de redução das expectativas, num ambiente em que o Banco Central (BC) aumentou seu capital em credibilidade depois de ter resistido a tantos e tão ferozes ataques do governo à sua atual política de juros.
Algumas explicações para o mergulho da alta
do custo de vida: demanda fraca e queda substancial dos preços no mercado
atacadista, porque o câmbio está rodando abaixo dos R$ 5 por dólar. Mais a
baixa dos preços dos combustíveis e queda em reais dos preços das commodities.
Esses fatores vêm produzindo seus desdobramentos nos preços.
Já há quem aposte em inflação negativa
neste mês de junho. O IGP-M, no qual os preços no atacado pesam 60%, caiu 1,84%
em maio e deve cair ainda mais em junho.
Como a inflação em 12 meses já resvalou
para a casa dos 4%, começam a ficar sem sentido as pressões do governo e de
certos empresários para que o Conselho Monetário Nacional aumente de 3,0% para
4,0% a meta de inflação de 2024.
O principal impacto dessa inflação mais
baixa do que a esperada vai para a política de juros. Já se consolidou a
expectativa de que, na reunião do Copom agendada para 2 de agosto, a Selic
comece a cair. Na reunião do dia 21 de junho, muito provavelmente o BC
adiantará seus próximos passos nessa direção.
O mercado financeiro e todos os que põem
dinheiro grosso na parada já estão incorporando juros mais baixos nos contratos
de vencimento futuro. E, é claro, as operações de crédito deverão refletir essa
tendência.
Mas daí a concluir que, a curto prazo, a
produção voltará a engatar a segunda marcha é passo maior do que as pernas. A
economia mundial e, portanto, o mercado externo do Brasil, continuará em
recessão – com a provável exceção da China --, os grandes bancos centrais
deverão voltar a puxar pelos juros e sabe-se lá o que ainda acontecerá com o
petróleo, já que o verão vai pintando forte no Hemisfério Norte e os
condicionadores de temperatura estarão operando em tempo integral.
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