O Globo
Disney produziu a série 'A small light', da
secretária do comerciante judeu Otto Frank
A Disney produziu a série “A small light”
(“Uma pequena luz”). É a história de Miep Gies, a secretária do comerciante
judeu Otto Frank. Durante dois anos ela garantiu a sobrevivência da família de
Frank, escondida no sótão do escritório, em Amsterdam. Em agosto de 1944,
quando um policial austríaco (como ela) os descobriu, Miep conseguiu guardar o
diário de Anne, a filha adolescente de Otto. A garota morreu em março de 1945
no campo de concentração de Bergen-Belsen, mas seu diário tornou-se uma
referência para a história da perseguição aos judeus.
Miep levou uma vida discreta e morreu em
2010, aos 101 anos. Desde 2009, um asteroide que circula entre Marte e Júpiter
leva o seu nome.
Miep foi um exemplo da banalidade do bem.
Já o policial que prendeu os Frank foi protegido pela banalidade do mal e nunca
foi responsabilizado pelo seu ato. Ele se chamava Karl Silberbauer. Tinha 22
anos e pertencia à tropa da SS. Depois da guerra foi incorporado à polícia da
Alemanha.
Foi o jogo jogado. Afinal, Kurt Waldheim, um oficial do Exército alemão metido com atrocidades cometidas na Iugoslávia, acabou na Secretaria-Geral das Nações Unidas e elegeu-se presidente da Áustria em 1971. Wernher von Braun, que fabricava bombas para os alemães com mão de obra de um campo de concentração, foi um dos cérebros que levaram o primeiro homem à Lua.
Um tesouro na rede
Está na rede a dissertação de mestrado de
Blima Rajzla Lorber intitulada “Brasileiros no Holocausto e na Resistência ao
nazifascismo”. Pesquisando nos abundantes arquivos do período e valendo-se das
memórias de sobreviventes, ela produziu um tesouro. De um lado mostrou os 42
brasileiros mortos nos campos de extermínio nazistas. De outro, mostrou que
pelo menos 81 brasileiros estiveram na Resistência Francesa, e 15 morreram.
Os judeus assassinados tinham nascido no
Brasil, ou tinham passaportes brasileiros. Por algum motivo, estavam na França
ou em territórios controlados pelos alemães.
O cearense Isaac Gradvohl, figura destacada
na vida de Fortaleza, vivia com a mulher em Paris. Morreram no campo de
Auschwitz no dia 2 de novembro de 1942. (No mesmo dia a polícia da ditadura de
Getulio Vargas varejou o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo, prendendo 30 estudantes.)
Em 1944, quando o governo de Vargas limitou
a concessão de passaportes a brasileiros “de origem semítica”, 17 brasileiros
que viviam na França foram deportados para Auschwitz. No dia 24 de julho os
alemães fuzilaram o paulista Claude Falk, tenente das tropas francesas que
combatiam na Resistência. Em agosto, o cearense Michel Dreyfus, combatente da
Resistência Francesa, foi fuzilado, e o carioca Benjamin Levy, com a mulher e a
filha foram mandados para o campo de Bergen-Belsen.
Em março de 1945, Hitler estava trancado no
seu bunker de Berlim, e Getulio Vargas deu uma entrevista admitindo continuar
no governo, pelo voto. Na véspera, morreu no campo de Gusen II o jovem gaúcho
Jacopo Dentici, combatente da Resistência Italiana. No dia seguinte, no campo
de Buchenwald, morreu o paulista Robert Lepelerie, da Resistência Francesa.
Em abril o Supremo Tribunal Federal (STF)
anulou as sentenças da ditadura do Estado Novo e dias depois foi executado o
judeu Francisco José Messner, que havia sido vice-cônsul do Brasil em Viena até
1931.
A guerra estava acabando. No dia 6 de maio
de 1945 Hitler já estava morto e a Alemanha estava a horas da rendição, quando
o campo de Ebensee, onde estava o carioca Hubert Aron-Martin, foi libertado.
Desde janeiro, ele já havia passado por outros dois. Morreu livre, duas semanas
depois. No dia seguinte o repórter Ed Miller, da Associated Press, furou o
embargo da censura militar dos Aliados e anunciou que a guerra tinha terminado.
Blima Lorber registra que em março de 2018,
a octogenária Mireille Knoll foi morta em Paris por ser judia. Em 1942, na
França, ela tinha dez anos quando seus pais conseguiram fugir, escondendo
algumas joias na sua boneca.
Moro e Zanin
O senador Sergio Moro sabatinou o advogado
Cristiano Zanin com elegância. Só derrapou quando lhe perguntou se havia sido
padrinho de casamento de Lula. Era notícia falsa e, se o senador tivesse pedido
a um assessor que a checasse, evitaria o mau momento.
Quando ele era juiz, divulgou o depoimento
do ex-ministro Antonio Palocci às vésperas do primeiro turno da eleição;
poderia ter perguntado a um estudante de Direito o que achava da ideia.
Bolsonaro x Lula
De um sábio, comparando o governo de
Bolsonaro com o de Lula.
Até o dia 1º de janeiro nós passamos pela
situação de um sujeito que padeceu de uma doença por quatro anos. Desde então,
ficamos como o sujeito depois de curado. Alguns dias são péssimos e outros são
tranquilos.
Lula diplomático
Na sua conversa com o presidente italiano
Sergio Mattarella, Lula disse que a proposta do presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, exigindo a retirada das tropas russas bloqueia as negociações, pois
isso significa uma “humilhação” para o russo Vladimir Putin.
Desde sempre, em diversas conversas com
líderes estrangeiros, Lula já expôs sua teoria de que não se pode colocar na
mesa condições que humilhem a outra parte.
Parece óbvio, mas negociações diplomáticas
que levam anos nascem dessa aparente intransigência.
Na guerra do Vietnã, Hanói e o Vietcongue
exigiam a saída dos americanos do país. Os Estados Unidos começaram a conversar
em 1967 e a negociar em 1968. Depois de seis anos centenas de milhares de
mortos (58 mil dos quais americanos), a tropa foi embora. O então secretário de
Estado e hoje centenário Henry Kissinger pedia um “intervalo decente” para a
hipótese de o Vietnã do Norte tomar o do Sul. Era conversa fiada, e Saigon
(hoje Ho Chi Minh) foi tomada em abril de 1975.
Como não morriam mais americanos, o tema da
humilhação tornou-se secundário.
Solução feminina
São tantos os candidatos para a vaga da
ministra Rosa Weber que a gravidade poderá levar Lula a indicar uma mulher.
Se fizer isso, agradará metade do
eleitorado e inibirá reações negativas dos que vierem a se julgar preteridos.
A bancada masculina disputaria a possível
vaga do ministro Luís Roberto Barroso, caso ele resolva deixar o tribunal em
2025, ao sair de sua presidência. Até lá, agradaria o Planalto.
Alcolumbre
A confortável maioria conseguida por
Cristiano Zanin ajudou a fortalecer a posição de Davi Alcolumbre no Planalto.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, pode
ser mais temido, mas Alcolumbre ficou mais perto da caneta.
Desastre do Titan
Não é por nada, mas é preferível que as
pessoas se refiram ao “navio” quando tratarem do objetivo da viagem do
infelicitado Titan.
Desde o dia em que o “navio” zarpou da Inglaterra sendo considerado uma maravilha do mundo, ele não traz sorte.
Um comentário:
Pois é,os ricos morreram em fração de segundos,uma pena,mas melhor que morrerem asfixiados.
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