domingo, 16 de junho de 2024

Eliane Cantanhêde - Reações tímidas e medrosas

O Estado de S. Paulo

Sem rumo e base sólida, governo sofre derrotas e Lula titubeia em temas graves

Governo fraco é alvo fácil de pressões da Câmara, do Senado, do mercado e da opinião pública, e é isso que acontece no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, que sofre derrotas no Congresso e titubeia em questões de grande relevância, como a equiparação do aborto a homicídio e o veto a delações premiadas de presos. O governo finge que não tem nada a ver com isso, vai, volta e fica no meio do caminho.

Até a reação à devolução da MP sobre PIS/Cofins, para compensar R$ 26 bilhões de perdas com a desoneração da folha de pagamentos, foi tímida, medrosa, com Lula, seus ministros e líderes apoiando a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e deixando no sereno o ministro Fernando Haddad. Devolver projetos é quase um tapa na cara, o Planalto ofereceu a outra face.

O projeto do aborto pode punir a mulher estuprada com até 20 anos de prisão, enquanto seu estuprador é sujeito a, no máximo, dez. É cruel, desumano e fundamentalista, mas Lula calou e o governo tergiversou, porque teme a “Bancada da Bíblia”. A inflexão só veio depois de dois dias e de manifestações populares, com um post da primeira-dama Janja e uma declaração do ministro Alexandre Padilha: “É uma barbaridade. Não contem com o governo”. Já no veto às delações premiadas, o governo lavou as mãos.

Quanto mais fragilidade mostra, mais frágil o governo fica, mais fortes adversários e aliados de ocasião se tornam. Faltam rumo e comando e não adianta botar a culpa na articulação política. A direita é muito maior e mais articulada do que a esquerda no Congresso. Boa articulação ajuda, mas não faz mágica, e as emendas não dão mais para o gasto. Eram de R$ 17 bilhões, dispararam para R$ 53 bilhões, mas o Congresso é insaciável.

O ministro Juscelino Filho (Comunicações), que acumula denúncias, principalmente do Estadão, desde o primeiro mês do governo, foi indiciado pela PF – órgão do governo – por emendas parlamentares para a cidade onde sua irmã é prefeita e construiu uma estrada que beneficia uma única família, a deles. Na Europa, Lula desconversou: “O ministro tem o direito de provar que é inocente”. Juscelino Filho é do União Brasil – partido com três ministros que, vira e mexe, vota contra o governo – e apadrinhado por Davi Alcolumbre, que manda no Senado.

Enquanto seu time bate cabeça, com Rui Costa, ministros e dirigentes petistas contra Haddad e o corte de gastos, Lula faz uma reunião atrás da outra para falar obviedades, dar broncas e prometer, de novo, assumir a coordenação política. O fato é que Lula está refém de Lira, Alcolumbre, bancada evangélica, União Brasil... Bláblá-blá não vai melhorar a percepção sobre o governo, nem a popularidade do presidente.

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Se depender da torcida da nossa jornalista Eliane o governo vai se acertar , nunca vi ninguém torcer tanto e ficar tão penalizada com a decadência política do governo PT Einstein já dizia que fazer a mesma coisa, com os mesmos métodos usando as mesmas ferramentas e querer resultado diferente melhor é a demonstração cabal da burrice
Estão querendo que aconteça algo de bom depois de Lula1 Lula 2 e Dilma 1 e 2 Tenha dó , não vai dar certo !

Daniel disse...

Saudades do GENOCIDA GOLPISTA?

ADEMAR AMANCIO disse...

A verdade é que o País melhorou e muito!