O Estado de S. Paulo
As ideias antigas do presidente Lula são seu principal problema, não a idade
Apelidar Lula de “Biden da Silva” está
ganhando tração nas lacrações na internet, num tipo de ataque por parte de
adversários mais habilidosos no espaço digital do que a corrente política do
presidente brasileiro. A comparação, porém, é descabida.
Joe Biden é uma vítima clara de senilidade,
definida como doença degenerativa crônica que afeta a memória, o raciocínio e o
comportamento de pessoas idosas. A enfermidade o obriga a ter de tomar uma
única decisão (abandonar ou não a reeleição), pessoal e política, de enormes
consequências qualquer que seja.
Salta aos olhos que Lula desfruta de condição
física muito melhor do que a de Biden, e não precisa decidir neste momento
sobre reeleição. O problema principal para Lula é ser vítima de sua própria
visão dos fatos e as ações disso decorrentes, prejudiciais para ele mesmo.
É o caso específico do cenário econômico. Lula não parece entender os mecanismos que pioram ou aliviam o peso das questões fiscais e monetárias que balizam hoje – goste-se ou não disso – a política brasileira. E insiste em posturas que pioram as já precárias condições de governabilidade.
Ele acha que as oscilações típicas de preços
de ativos – desde sempre motivadas por expectativas – não passam de
“conspirações” e “especulações”, incentivadas pelo BC dirigido por um
bolsonarista. E que as elites empresariais brasileiras são apenas rentistas, e
fundamentalmente opostas a ele e sua preocupação com “os pobres”.
O avanço da idade e os fatos traumáticos
recentes da vida (580 dias na prisão) acentuaram em Lula o apego a esquemas
mentais que ele repete desde que surgiu na cena política, meio século atrás. É
basicamente a divisão do mundo entre “eles” e “nós”, entre “ricos” malvados e
“pobres e trabalhadores” vítimas, descrição que ele aplica também ao cenário
internacional.
Autocentrado, e ouvindo pouca gente, Lula
está preso a um passado de 20 anos atrás e a memórias que são pura imaginação.
“Gasto é vida” de Dilma vem da mesma matriz dos postulados que Lula defende
hoje como cerne de um programa de governo. E se recusa a admitir o que deu
errado.
São profundas e, em certa medida, bastante
perturbadoras algumas das mudanças ocorridas nos últimos 20 anos, entre elas as
relações capital-trabalho. Assim como as sensíveis alterações na relação de
força entre os Poderes em Brasília, fatos que Lula não parece contemplar, ou
para os quais não encontrou formas exitosas de lidar.
A senilidade da qual padece o personagem
político Joe Biden condiciona o papel que ele representa na História. No caso
de Lula, é a senilidade das suas ideias.
Um comentário:
E qual o principal problema do colunista? Ser racista, talvez...
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