sexta-feira, 23 de abril de 2010

Rio Grande do Norte ficou para trás, diz José Serra

DEU NA TRIBUNA DO NORTE (RN)

O ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB) mencionou o Rio Grande do Norte como um estado que não dispõe de prioridades do governo Federal. O discurso do tucano se assemelha ao que vem sendo proferido pelos líderes da oposição potiguar, como os senadores José Agripino Maia (DEM) e Rosalba Ciarlini (DEM), por exemplo. Serra chegou ontem ao Olimpo Recepções, no prolongamento da Prudente de Morais, acompanhado do senador e seguiu direto para a palestra direcionada aos empresários, promovida pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Natal. Entre outras coisas, o pré-candidato paulista teceu comentários sobre os índices de saneamento, os quais classificou de irrisórios no Rio Grande do Norte. Ele disse que o RN e a Paraíba ficaram para trás, enquanto outros Estados, como o Ceará, conseguem executar projetos estruturantes.

Sobre o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o tucano afirmou que as obras estão caminhando de maneira insatisfatória. “O Rio Grande do Norte precisa de um grande Aeroporto. O de São Gonçalo é muito bom, mas está muito atrasado. Tem que fazer uma concessão para fazer uma PPP e permitir que as pistas tenham um terminal. Ele chegou, mas em uma velocidade inadequada”, enfatizou. O tucano observou ainda que o RN e o Ceará têm um grande potencial no setor de energia eólica. “A energia eólica terá prioridade, assim como a solar”, referendou.

José Serra criticou ainda as condições de financiamento e infra-estrutura para assegurar o desenvolvimento no Rio Grande do Norte, as quais, na sua opinião, são insatisfatórias. Ele prometeu adotar medidas para enfrentar tais desafios, se for eleito em outubro para presidir o país. “O RN ficou para trás em saneamento básico”, destacou o candidato tucano.

Durante a palestra aos empresários o ex-governador de São Paulo lembrou ainda que, no período da ditadura, foi exilado e condenado. A referência é comumente mencionada pelo grupo petista, já que a candidata do PT à presidência, Dilma Roussef (PT), foi guerrilheira e chegou a ser torturada no período da repressão política. “Eu tinha filiação partidária quando ninguém no movimento estudantil apoiava candidato. Marcos Guerra foi meu contemporâneo. Nesse tempo eu passei a ter visão de conjunto. Era um período agitado no Brasil, em que todo mundo foi exilado. Eu não fui masoquista pra ficar e ser preso”.

José Serra disse que hoje se considera mais bem preparado para assumir a presidência da República, fazendo um comparativo a 2002, sua primeira disputa ao cargo. À época perdeu para o atual presidente, o petista Lula.

Durante o evento, ele recebeu um documento com reivindicações das entidades empresariais, entregue pelo presidente da CDL, Ricardo Abreu. Entre as reivindicações, estão investimentos em projetos estruturantes para o RN e acesso mais amplo a financiamentos.

Tucano elogia programa social do governo Lula

A passagem de José Serra pelo Rio Grande do Norte ontem foi um misto de elogios aos programas sociais do governo Luís Inácio Lula da Silva, como o Bolsa-Família, e também de críticas contundentes ao jeito do PT de governar. Buscando amenizar a imagem de suposto “anti-nordeste”, Serra lembrou sua atuação durante a discussão da Constituição Federal, quando foi o responsável pela inclusão de emenda que criaria um fundo para destinar recursos ao desenvolvimento do Nordeste. No entanto, ele garantiu que pensa na totalidade do país, e não na defesa de conflitos de interesses entre as regiões.

Apesar de garantir a manutenção do programa Bolsa Família, José Serra argumentou que é necessário que o próximo Governo dê condições para que a população possa trabalhar, investindo na criação de novos postos de trabalho no Brasil. Sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o tucano garantiu que não pretende acabar, mas voltou a dizer que, atualmente, o PAC não passa de “uma lista de obras”.

Além da suposta falta de execução das obras do PAC, Serra também acusou o atual Governo Federal de não conseguir implementar as ações planejadas para a área da Educação, apesar de admitir que foram feitos bons planos. “O foco do país na Educação tem que ser a qualidade do ensino. Tem que ter ação e racionalizar”, disse o pré-candidato à sucessão de Lula.

Para Agripino, Estado foi prestigiado

O senador José Agripino Maia disse que foi uma atitude singular José Serra, sendo o candidato em primeiro lugar nas pesquisas, vir “dar prestígio” ao Rio Grande do Norte. Indagado sobre o que motiva a população da região Nordeste a colocar o ex-governador em situação desfavorável frente à candidata do governo, Dilma Roussef, foi categórico: “Bolsa-Família é uma das razões, evidentemente. Agora é possível superar isso. Ele começa a construir e disse claramente que vai fazer o dominó no Nordeste das vocações naturais”, afirmou Agripino.

O democrata chamou ainda o Bolsa-Família de trunfo do PT. Segundo ele, o candidato tucano dará continuidade ao programa, mas acrescentará no mesmo ações geradoras de emprego. “Esse programa tem uma remuneração estática”, assinalou. José Agripino garantiu que a ação iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso e ampliada na gestão do presidente Lula terá garantia de ampliação. “É uma coisa boa e que já vem do tempo do PSDB”.

O senador do DEM não se estendeu sobre as declarações de José Serra de ter sido o político que mais fez pela região Nordeste. Limitou-se a dizer que “ele colocou os argumentos e é só avaliar quem é que individualmente fez mais do que ele”. Ele afirmou também que a estratégia de José Serra será mostrar a verdade. “Não vai se ganhar com terrorismo e inverdade”, concluiu.

Candidato defende retomada de incentivos aos genéricos

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, utilizou ontem, em Natal, a experiência á frente do Ministério da Saúde, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, para fazer uma defesa enfática de uma política mais eficiente de incentivo ao medicamento genérico. Ele disse que essa será uma das propostas do seu plano de governo. “Vamos turbinar de novo os remédios, eles precisam ser turbinados porque é um produto que barateia e é de boa qualidade. Teremos uma cesta de remédios gratuitos próximo a 80 medicamentos, que são distribuídos através dos municípios. Essa é uma questão do acesso aos medicamentos”, afirmou.

Em discurso para um publico formado principalmente por empresários, durante evento organizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal, José Serra criticou o governo federal citando todas as obras de infraestrutura inconclusas no Estado. Ele atacou ainda a atual política de comércio exterior brasileiro. Serra disse que o governo Lula realizou apenas um tratado de livre comércio, enquanto no mundo todo há 100 em execução. Para Serra, “há pouca agressividade na política de comércio exterior”.

O tucano também lamentou a postura adotada pelo Mercosul que, segundo ele, não conseguiu firmar as zonas de livre comércio entre os países integrantes do bloco.

“O Mercosul tem que se concentrar em ser uma zona de livre comércio porque além de zona de livre comércio ele passou a ser uma união alfandegária. Ou seja, todas as tarifas do exterior, de política comercial, ficam subordinadas aos quatro países”, disse. Segundo Serra esta prática “dificulta os acordos de livre comércio pelo mundo afora”.

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