terça-feira, 6 de julho de 2010

'Negócios são negócios'

DEU EM O GLOBO

Ministro justifica encontro de Lula com ditador da Guiné Equatorial

Chico de Gois

MALABO. Ao lado do presidente de Guiné Equatorial, Obiang Nguema Mbasogo, no poder desde 1979, após um golpe militar, o presidente Lula ouviu ontem a leitura do comunicado conjunto em que os dois chefes de Estado reconhecem "a importância da democracia" e abordam os direitos humanos. Mbasogo detém o poder com mão de ferro: foi reeleito em 2009 com 97% dos votos, numa eleição considerada uma fraude pela comunidade internacional.

O documento frisa que os dois países devem buscar "estreita colaboração" na luta contra o crime internacional organizado e o tráfico de pessoas. Na Guiné Equatorial, há denúncias de tráfico de crianças e de mulheres asiáticas para exploração sexual.

Os dois presidentes assinaram cinco acordos genéricos. Lula não deu entrevistas. Uma missão empresarial brasileira participou de um seminário. Os brasileiros buscam negócios em infraestrutura, implementos agrícolas, energia (o país tem reservas de petróleo) e na expansão do padrão da TV digital brasileira. O volume de negócios entre os dois países é de US$302 milhões. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, minimizou o fato de o Brasil negociar com um país cujo presidente é considerado um dos mais corruptos do mundo, com fortuna avaliada em US$600 milhões:

- Negócios são negócios. A gente tem de trabalhar. Uma aproximação com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde os países são todos democráticos, é o que vai ajudar que essas políticas que nós apreciamos sejam também adotadas pelos outros. Não é o isolamento nem a distância - afirmou Amorim.

Na África, o repórter viaja em avião da FAB, devido às dificuldades de deslocamento

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