Senador vai recorrer à tese do repúdio à interferência federal e de lideranças de outros estados na disputa local
Eduardo Kattah e Lorena Campos
Na disputa contra o PT, a campanha do prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB), vai recorrer ao discurso do repúdio à interferência federal na capital mineira. A estratégia do ex-governador e senador Aécio Neves (PSDB), principal cabo eleitoral de Lacerda, é confrontar a nacionalização da campanha em Belo Horizonte com a tese de que o eleitor da cidade costuma rechaçar imposições de candidaturas.
Com atuação direta da presidente Dilma Rousseff, o PT lançou o ex-ministro e ex-prefeito Patrus Ananias após o rompimento da aliança com Lacerda, que envolvia os tucanos. A intenção de Aécio é explorar principalmente a movimentação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que interveio no PSD local determinando o apoio a Patrus. Nas hostes aecistas, a ação de Kassab vem sendo tratada como uma "vassalagem" do prefeito.
O PSD de BH é ligado a Aécio e na semana passada entrou na Justiça Eleitoral com um pedido de impugnação da coligação em torno do petista por ter incluído o partido - que também consta no pedido de registro de Lacerda.
A atuação de Dilma na campanha de Belo Horizonte causou surpresa entre os tucanos mineiros. A ideia de Aécio é tentar impor um plebiscito sobre a "interferência" na disputa municipal, tática que foi usada na campanha para o governo do Estado, em 2010, quando o tucano Antonio Anastasia derrotou Hélio Costa, candidato imposto para garantir o apoio do PMDB a Dilma. Para o senador tucano, os petistas terão enorme dificuldade para justificar a mudança de posição em relação a Lacerda. "Vou fazer a campanha da coerência", disse Aécio.
Caciques. A campanha de Patrus já conta com o engajamento dos caciques nacionais do PMDB. Hoje eles farão um ato de apoio ao ex-ministro. O vice-presidente da República Michel Temer desembarca na cidade acompanhado do presidente nacional da legenda, senador Valdir Raupp (RO), e do deputado federal Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara. "Já é uma manifestação de apoio da presidenta Dilma, do ex-presidente Lula e do vice-presidente Michel Temer, eles estão todos sintonizados com a nossa campanha", afirmou ontem Patrus.
Segundo o candidato, Dilma e o ex-presidente Lula ainda não têm agenda definida em Belo Horizonte. "A presença deles vai depender do acerto de agendas", disse.
Ontem, Patrus fez corpo a corpo com eleitores na periferia da capital e foi acompanhado pelo deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), que abriu mão da candidatura à prefeitura em prol da aliança com o PT.
Durante a caminhada, Patrus evitou fazer críticas à gestão do atual prefeito e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB). "Não quero entrar em polêmica com meu adversário. No que depender de mim teremos uma campanha ética e programática."
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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