Antonio Pita, Heloisa Aruth Sturm
RIO - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que o desabastecimento de insumos e medicamentos registrados em algumas hospitais do País não tem nenhuma relação com a greve de funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já dura quase 40 dias. "O ritmo de liberação das cargas tem se mantido no mesmo ritmo de antes da greve", garantiu.
Entidades ligadas a serviços de saúde afirmam que haveria produtos essenciais retidos em portos e aeroportos em decorrência da paralisação. Padilha confirmou que a Anvisa está mantendo 70% de seu efetivo, e que foram adotadas medidas de contingência, como a mudança de procedimentos internos, a celebração de convênios com órgãos estaduais e o monitoramento diário de informações.
Os casos de atraso e desabastecimento, segundo ele, decorreram de fatores alheios à greve. "É inadmissível que qualquer pessoa, física ou jurídica, venha alegar qualquer tipo de retenção de cargas na Anvisa quando não cumpre os seus contratos, os seus compromissos de fornecimento de medicamentos."
Combustíveis. De acordo com o Ministério da Saúde, a greve também não é responsável pela falta de diesel no Rio e no Paraná. Em Paranaguá, a supersafra de grãos ocasionou aumento do fluxo no porto - 85 navios com diesel e já inspecionados não conseguem espaço para atracar. No Rio, seis dos oito navios não apresentaram toda a documentação.
Apesar dos argumentos do ministro, auditores e técnicos da Receita Federal afirmam que há, sim, mercadorias paradas nos portos. Semanalmente, analistas e auditores tributários suspendem as atividades administrativas e fazem operações-padrão nos portos e aeroportos, só liberando cargas vivas, alimentos perecíveis e remédios. "Fazemos paralisações de terça a quinta-feira. Nos demais dias, mesmo que quiséssemos não teríamos estrutura logística para liberar todos os produtos", afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindfisco), João Abreu.
Além dos servidores da Receita, cerca de 300 funcionários dos hospitais federais e médicos também fizeram uma passeata de protesto ontem cedo, pela Avenida Brasil, bloqueando uma pista por cerca de duas horas. Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal também reduziram as equipes de emissão de passaportes e fiscalização de estradas.
Dos seis hospitais coordenados pelo MS no Rio, três estão funcionando parcialmente. Os hospitais de Ipanema, Cardoso Fontes e da Lagoa interromperam parte dos serviços mas dizem que não deixarão de atender pacientes em estado grave.
Colaborou Ricardo Chapola
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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