Ricardo Noblat
Se Ayres Britto, presidente do STF, não for capaz de pesar a mão, o julgamento do mensalão não chegará ao fim. Ou não chegará ao fim bem. O papel do revisor é importante, mas secundário. Não se equipara ao do relator. Cabe ao revisor apontar eventuais inconsistências no voto do relator e discordar se for o caso.
Lewandowski decidiu funcionar como um relator do B. Está tendo de fazer o contraponto do relator, Joaquim Barbosa. Se Barbosa vestiu a toga da acusação, como dizem juristas com trânsito no Supremo, Lewandowski vestiu a da defesa.
João Paulo Cunha (PT-SP) foi apontado por Barbosa como tendo cometido quatro crimes. Valério e seus sócios, outros tantos. Lewandovski absolveu todos. Nada de mais haveria nisso se Lewandowski não emitisse sinais de que pretende se comportar assim até o fim. Barbosa dirá "A". Lewandovski, "B". Não é possível que "a verdade processual" seja tão diferente para um e outro.
Ayres Britto tem até segunda para amansar ou enquadrar Lewandowski, que ameaçou se afastar se não desfrutar dos mesmos direitos de Joaquim. Como ministros eles têm direitos iguais. Como relator e e revisor, não - isso está claro no regimento do tribunal.
FONTE: O GLOBO
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