quinta-feira, 18 de abril de 2013

Aécio Neves critica ‘rolo compressor’ do governo para asfixiar Marina e Campos

Unidos contra Dilma. Presidenciável tucano atacou ação do Palácio do Planalto para que partidos da base aprovassem projeto de lei que veta repasses do fundo partidário e a repartição de tempo de TV para novos partidos, o que dificulta candidaturas da oposição

Eduardo Bresciani, João Domingos

BRASÍLIA - Pré-candidato tucano à Presidência da República no ano que vem, o senador Aécio Neves (MG) acusou ontem o governo federal de patrocinar o projeto que restringe o acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV para novos partidos, o que toma quase inviável a candidatura da ex-ministra Marina Silva, que ainda luta para criar seu partido, a Rede, e cria obstáculos a uma eventual candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Aécio afirmou que a presidente Dilma Rousseff está assustada com a disputa nas urnas no próximo ano. "O governo federal, quando lhe interessa criar partidos, estimula e dá instrumento, mas quando acha que pode prejudicá-lo age com rolo compressor. Isso não é saudável para a democracia, não é um exemplo que o governo do PT mais uma vez dá. A presença de outras candidaturas eleva o debate e numa democracia como o Brasil ninguém pode querer ganhar uma eleição no W.O", disse Aécio, utilizando linguagem do futebol, como é atribuída a vitória ao time que comparece ao campo de jogo e não encontra o adversário.

O projeto que restringe o benefício para as novas legendas foi apresentado pelo deputado Edinho Araújo (PMDB-SP). Até o fechamento desta edição, a proposta era analisada pelo plenário da Câmara dos Deputados, mas a votação não havia sido concluída. O governo atuou fortemente nos bastidores pela aprovação. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), disparou telefonemas para parlamentares e líderes cobrando a posição de partidos da base aliada. O Estado flagrou um desses telefonemas.

Além de Aécio, Eduardo Campo s, Marina Silva e o agora presidente da Mobilização Democrática (MD), Roberto Freire (SP) -veja texto abaixo sobre a criação do novo partido -, atacaram o projeto. Para Marina, "é o tiro de misericórdia nos que pensam diferente do governo do PT".

Os presidenciáveis reagem em coro contra a aprovação da proposta que cerceia o surgimento de novos partidos porque, pelo atual cenário político, quanto mais candidaturas houver em 2,014 maiores são as chances de a presidente Dilma Rousseff disputar um segundo turno. Hoje, a petista desfruta de uma aprovação recorde nas pesquisas de opinião e venceria a disputa num primeiro turno.

Pluralidade. Aécio fez as crítica s à atuação do governo nos bastidores para garantir a aprovação do projeto de lei depois de participar de um evento do DEM que catalogou as promessas de campanha da então candidata Dilma Rousseff, Segundo o partido, a presidente da República não as cumpriu. O senador mineiro defendeu a pluralidade de candidaturas para 2014, fazendo elogios ao governador Eduardo Campos, que é presidente do PSB, e a Marina Silva.

Os tucanos apoiam as candidaturas de Campos e Marina porque acreditam que é do PSDB a chance.de disputar o segundo turno com o PT na eleição presidencial do ano que vem.

"Vejo a presidente assustada com o processo eleitoral. Ela age em 2013 como se estivesse em 2014", criticou o senador tucano, que vai assumir a presidência do PSDB no mês que vem. Aécio Neves chamou de "rolo compressor" a mobilização no Congresso para tentar inviabilizar os novos partidos.

Legenda para Campos. O senador minimizou o fato de a legenda Mobilização Democrática, resultado da fusão entre PPS e PMN, ter sinalizado apoio a Eduardo Campos.

O senador mineiro afirmou que ainda é cedo para definir essas composições e disse elogiar "qualquer iniciativa que fortaleça partidos no campo oposicionista". Afirmou que estimula Campos e Marina a entrar na disputa eleitoral de 2014. "Eu, pessoalmente, saúdo e estimulo a candidatura do companheiro Eduardo Campos porque, na verdade, ela traz um tom crítico importante em relação ao governo. A candidatura da ex-ministra Marina é importante para dar pluralidade ao debate e o governo busca cerceá-la com a força da sua base."

Fonte: O Estado de S. Paulo

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