Homens sábios, mulheres irritadas
Napolitano frustra feministas ao formar grupo masculino para contornar crise política
ROMA - Após o fracasso da rodada de negociações políticas na Itália, o presidente Giorgio Napolitano nomeou duas comissões de "sábios", formadas por personalidades e nomes de diferentes correntes políticas, para propor ações urgentes que poderiam ser apoiadas por todos os partidos enquanto não é formado um novo governo no país. A nova medida, no entanto, já enfrentou críticas por ser composta só por homens.
- O fato de que haja dez homens e nenhuma mulher é triste - disse ao "La Repubblica" a política italiana Emma Bonino, uma das principais ativistas pela igualdade de direitos da mulher na política. - Uma coisa eu posso dizer: estas comissões não refletem a composição da nossa sociedade.
Críticas à falta de representação feminina também vieram do Twitter de figuras como Giulia Bongiorno, uma das advogadas mais reconhecidas do país, e do apresentador Michelle Hunziker, que disse: "Eu vejo que as coisas não estão melhorando". Já o "Corriere della Sera" afirmou num artigo: "Como de costume, não há mulheres".
O grupo de conselheiros - que inclui o ministro de Assuntos Europeus, Enzo Moavero, e políticos da centro-esquerda à centro-direita - deve se reunir pela primeira vez amanhã. Napolitano defendeu a elaboração de uma lista sobre "temas essenciais" com "propostas programáticas concretas a serem compartilhadas" pelas legendas, abrindo caminho para a formação de um Executivo. Segundo o presidente, devem ser temas de caráter institucional, econômico e social.
- Não escondo do país as dificuldades que encontro, mas insisto na minha confiança de superarmos este momento crucial que a Itália atravessa - disse Napolitano.
Na sexta-feira, o presidente fracassou ao tentar uma solução para o vácuo de poder instaurado desde as últimas eleições. Para realizar uma nova eleição, ele precisaria dissolver o Parlamento, algo que o chefe do Executivo não pode fazer nos últimos seis meses do mandato, que será encerrado no dia 15 de maio. Ele também rejeitou renunciar para resolver o impasse.
Fonte: O Globo
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