- Folha de S. Paulo
O PT comemorou a redução da meta fiscal para quase zero neste ano. Nada mais equivocado. Deveria, em vez de celebrar, sentar no primeiro meio-fio e chorar.
Afinal, ao reduzir drasticamente sua economia para pagar a dívida pública, o chamado superavit primário, o governo jogou por terra seu plano de voo original: dois anos de ajuste fiscal e dois de crescimento.
A ideia era dedicar a primeira metade do segundo mandato a arrumar a casa. Feito o trabalho de consertar os erros cometidos por Dilma 1, os dois últimos anos seriam de colher os frutos e voltar a crescer.
Agora, o período de ajuste das contas públicas não vai durar dois, mas pelo menos três e, talvez, até quatro anos. De outro lado, não se fala mais em recessão apenas neste ano, mas também no próximo. O crescimento, fraco, só voltaria na segunda metade de Dilma 2.
De imediato, a guinada na política fiscal gera um cenário preocupante para a petista. Se era esperado para agosto um agravamento da crise política, agora a da economia pode piorar até um pouco antes.
O dólar disparou, a Bolsa despencou, os juros podem subir mais e o país está à beira de perder o selo de bom pagador das agências de classificação de risco. Uma mistura que, se não for revertida, é explosiva.
Claro que o mundo não acabou. Dilma, porém, tem de conter a crise política para melhorar o cenário econômico. Uma coisa puxa a outra, para o bem e para o mal.
Tudo somado, talvez seja educativo recordar de 2013. Lá, a popularidade presidencial também despencou na sequência dos protestos de rua. Recuperou-se graças a um desemprego baixo, economia em crescimento e dinheiro em caixa para bancar programas populares.
Hoje, com a imagem mais desgastada, Dilma não dispõe de tal arsenal, liquidado pelos erros cometidos no seu primeiro mandato. Enquanto isso, o PT segue na ilusão de que o Estado tudo pode. Socorro.
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