sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Roberto Freire: Golpe contra o trabalhador

- Diário do Poder

Desnorteada e incapaz de apresentar medidas que ajudem o país a sair da crise, Dilma Rousseff aproveitou a recente reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o inócuo Conselhão, para mais uma vez desnudar a falta de rumos que marca seu governo. Desta vez, a proposta luminar que saiu da cartola da equipe econômica é de que os trabalhadores utilizem recursos do seu próprio saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia para obtenção de crédito consignado.

Trata-se, evidentemente, de uma aberração, uma imoralidade, uma indecência – e chama a atenção o fato de partir justamente do governo do PT, que se diz de esquerda, este verdadeiro golpe contra os trabalhadores. É importante lembrar que o FGTS existe justamente para servir como uma garantia ao trabalhador no momento em que ele mais precisa de apoio, quando perde o emprego. Não são poucos os economistas que já projetam um índice de desemprego acima dos dois dígitos para este ano, de cerca de 12%, o que representaria mais 3 milhões de brasileiros fora do mercado de trabalho.

Desconectado da realidade e paralisado pela própria incompetência, o governo do PT se limita a ceder às pressões dos bancos – que quase já não têm despesa na cobrança do consignado – em busca de dinheiro fácil. Ao invés de se preocupar com a classe trabalhadora, Dilma volta suas atenções neste momento de recessão econômica para a banca financeira, que já vem recebendo benesses como nunca antes neste país desde o governo Lula.

Lamentavelmente, a inaceitável proposta de mexer nas reservas dos cidadãos em plena crise econômica não vem sendo combatida por algumas das principais centrais sindicais do país, que adotam uma postura “chapa-branca” e se transformaram em meros esbirros do lulopetismo nos últimos anos. A cooptação levada a cabo nesses tristes tempos de Lula e Dilma foi tão desabrida que nem este ataque frontal aos direitos dos trabalhadores tirou os sindicatos de seu silêncio obsequioso.

Como se não bastasse o absurdo da proposta em si, a Operação Lava Jato está investigando a liberação supostamente irregular de recursos do FGTS, vejam só, para a empreiteira que construiu o famigerado edifício no Guarujá (SP) onde está o apartamento que Lula diz não ser dele. Segundo informações publicadas pelo site “O Antagonista”, a subsidiária da empresa encarregada do empreendimento emitiu R$ 300 milhões em debêntures para financiar várias obras da Bancoop, cooperativa ligada ao PT, e esses títulos foram adquiridos pela Caixa com recursos do FGTS – ou seja, dinheiro dos trabalhadores. Como tudo que enreda Lula e seu partido, as suspeitas de irregularidades são consistentes e a teia de corrupção parece não ter fim.

Depois de mergulhar o país em uma das recessões mais profundas de nossa história, com o descontrole da inflação e a explosão do desemprego, Dilma e o PT jogam sobre os ombros dos brasileiros o peso da irresponsabilidade do próprio governo – isso para não falarmos da nova tentativa de recriação da CPMF, imposto amplamente rejeitado pela população.

É por essas e outras inúmeras razões, e fundamentalmente pela reiterada prática do crime de responsabilidade, que o impeachment da presidente da República volta à ordem do dia com a retomada das atividades no Congresso Nacional. Afastar Dilma e colocar um ponto final neste desgoverno que infelicita o país é o melhor caminho para superarmos a crise e voltarmos aos trilhos do desenvolvimento.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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