A porcentagem de brasileiros que têm uma expectativa positiva a respeito da economia do País é hoje 2,7 vezes maior, quase o triplo, do que em abril último. Aumentou de 14% para 38%, o patamar mais alto desde dezembro de 2014. Coerentemente com essa informação, apenas 32% dos entrevistados são a favor da volta de Dilma Rousseff à Presidência, contra 50% que preferem que Michel Temer permaneça no Palácio do Planalto, o que implica claro apoio a seu plano de recuperação econômica. Além disso, Lula da Silva seria derrotado no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 em três cenários alternativos: nas disputas com Aécio Neves (38% a 36%), com Marina Silva (44% a 32%) e com José Serra (40% a 35%). É o que revela a pesquisa Datafolha realizada na semana passada, que ao associar uma constatação a uma previsão confirma o fim do ciclo político lulopetista, que deverá se consumar agora em agosto com a decretação do impeachment de Dilma Rousseff pelo Senado Federal.
A significativa melhora da expectativa dos brasileiros a respeito da recuperação econômica tem a ver com a confiança despertada pela equipe nomeada pelo presidente em exercício para cuidar da área. Equipe à qual ultimamente até mesmo Dilma Rousseff tem feito acenos de simpatia, na vã tentativa de conquistar apoio para sua volta ao Planalto. Mas o resultado da pesquisa é uma péssima notícia para o PT, que desde o afastamento da presidente da República responsável pelo caos em que o País está mergulhado vinha apostando no quanto pior melhor como recurso para garantir a sobrevivência, se não de Dilma – já abandonada pelo PT – pelo menos do discurso populista da legenda.
Ao assumir interinamente a Presidência da República há dois meses, Michel Temer sabia que não poderia contar automaticamente com o apoio dos mais de dois terços dos brasileiros que querem o impeachment de Dilma. Mas, consciente de que o aspecto mais agudo da crise em que o País está mergulhado é o econômico, investiu pesado na escalação de uma equipe de economistas de competência reconhecida, sob o comando de Henrique Meirelles como ministro da Fazenda.
É exatamente essa aposta que começa a se revelar vencedora, com o surgimento dos primeiros indícios, tímidos ainda, mas promissores, no caminho da recuperação econômica. Essa recuperação passa necessariamente pelo saneamento das contas do governo e por reformas indispensáveis, como a do falido sistema previdenciário, aliadas a muitas outras, na infraestrutura de setores prioritários como educação, saúde, segurança, transportes, etc. Para tanto Temer terá de contar com sólido apoio político no Congresso, para o que já deu um passo importante com a vitória do democrata Rodrigo Maia para a presidência da Câmara dos Deputados, em substituição ao nefasto Eduardo Cunha.
O futuro ainda é muito incerto, mas já há indícios para fazer acreditar no que é essencial: o Brasil começa a mudar, deixando para trás um passado em que o delírio do populismo acabou por frustrar todas as esperanças. Resta saber agora em que direção essa mudança caminhará. É um desafio que não poderá repetir o erro de imaginar que o País pode ser conduzido por heróis messiânicos. Governar um país que se pretende democrático e disposto a construir a prosperidade a ser compartilhada na justa medida por todos e cada um é missão para o conjunto da sociedade, orientada pelo princípio de que é preciso garantir a unidade na diversidade.
Definitivamente, do ponto de vista da conquista de uma sociedade livre, próspera e justa, o populismo que a liderança carismática de Lula tentou impor ao País faliu – como sempre acontece com as experiências populistas – por culpa da insustentabilidade econômica de seu modelo de “justiça social”, agravada pelo acirramento dos ânimos deliberadamente provocado pela divisão do País entre “nós” e “eles”. Não é à toa que o populismo sempre termina em desastre, às vezes em consequência do autoritarismo que perfila.
Surge agora no horizonte a esperança de dias melhores. Uma esperança que vai depender de homens melhores, eleitores e eleitos. Não é algo que se conquiste de um dia para outro ou com pouco esforço. Mas a isso os brasileiros estão habituados.
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