terça-feira, 19 de julho de 2016

PF aponta R$ 2,5 mi de empreiteira para escritório de Erenice

• Laudo financeiro identifica pagamento da Engevix, em 2013, para ex-ministra da Casa Civil no governo Dilma

Fabio Serapião – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Laudo da Polícia Federal sobre as movimentações financeiras da Engevix, envolvida no esquema de cartel e corrupção na Petrobrás e em outras estatais revelado pela Operação Lava Jato, revela que a empreiteira pagou, em 2013, R$ 2,5 milhões ao escritório de advocacia da ex-ministra da Casa Civil no governo Dilma, Erenice Guerra.

O documento de nove páginas subscrito pelo perito Ricardo Andres Reveco Hurtado mapeia os principais órgãos do poder público e estatais que tiveram contratos com a empreiteira em 2008 e 2013, os repasses da empresa para políticos e partidos e os contratos com empresas de consultoria e prestação de serviços nos mesmo anos, nos quais aparece a empresa de Erenice.


O documento aponta que é necessário cruzar os pagamentos com outros dados da investigação. As informações batem com o depoimento que o empreiteiro sócio da Engevix José Antunes Sobrinho teria dado em seu acordo de delação. O executivo disse aos investigadores que teria contratado o escritório de Erenice em 2013, após o Tribunal de Contas da União recomendar que a Eletronorte executasse uma garantia de R$ 10 milhões da Engevix por obras na usina de Tucuruí.

O contrato com Erenice, relatou , seria para resolver a pendência com a Corte de Contas. Ele admitiu ter pago R$ 2 milhões a ex-ministra. No final daquele ano, O TCU reverteu a decisão envolvendo a empreiteira.

Não é a primeira vez que o nome da ex-ministra surge nas investigações da Lava Jato. Ela já foi apontada em delações de executivos da Andrade Gutierrez como uma das responsáveis por acertar a propina de 1% nas obras da usina de Belo Monte que teria sido dividida entre PT e PMDB.

O leilão da usina durou sete minutos e foi vencido com deságio de 6,02% sobre o preço inicial de R$ 83 por MWh, no dia 20 de abril de 2010.

Erenice ficou à frente da Casa Civil entre abril e setembro de 2010, quando deixou o cargo em meio a denúncias de que estaria fazendo lobby para empresas no ministério. Antes de assumir a Casa Civil, Erenice era a número 2 da Pasta. Ela foi nomeada para a secretaria-executiva em 2005, quando Dilma Rousseff deixou o Ministério de Minas e Energia para substituir José Dirceu no Planalto.

Os executivos da Engevix negociam um acordo de delação premiada e estão colaborando com as investigações. Além de acusados de envolvimento no esquema da Petrobrás, eles também são réus na Justiça Federal no Rio por suspeita de participar do esquema de corrupção nas obras da usina de Angra 3, no Rio

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