- O Estado de S.Paulo
O clima de velório é a marca estética e política da propaganda que o PSDB levou à TV na noite desta quinta-feira, 16. A melhor definição veio de um ministro tucano: parecia um programa para propor a desfiliação em massa da sigla, que se apresentou ao País como um organismo em processo de extinção.
O começo da peça já mostrava o que estava por vir: entremeado com cenas de um passado já remoto de conquistas tucanas apresentadas com saudosismo vinha o mantra “mas o PSDB errou”, entoado por atores com cara de quem tem aversão ao partido. O histórico de fisiologismo, escândalos e crises políticas feito a seguir trata de colocar no mesmo balaio Fernando Collor, FHC, Lula e Dilma, ao não mencionar o PT nenhuma vez de forma crítica e não fazer nem sequer uma distinção entre os legados de um e de outro partido.
Ora, perguntará o leitor, o correto seria o partido negar a realidade? Não. Mas, ao se autoimolar em rede nacional, o PSDB não diz claramente em que errou, insinua que seus integrantes foram comprados pelo governo e não propõe nada de prático ou programático para corrigir os erros além de um parlamentarismo utópico e inviável num futuro próximo.
Se os ministros e parlamentares que votaram com Temer se venderam, resta perguntar a Tasso Jereissati, o mentor da propaganda do partido e também seu presidente interino: cadê os processos de expulsão? Quando, então, o PSDB deixará os cargos? Não há respostas para isso, o que mostra o tamanho do buraco em que os tucanos estão enfiados até o bico.
A lúgubre missa de corpo presente encenada pelo PSDB pela TV não teve nem sequer um político que o partido pudesse exibir como alternativa num momento em que a sociedade vê a política como latrina. O próprio partido corrobora o clichê de que “político é tudo igual” e faz questão de atestar que não tem ninguém valoroso a mostrar. No dia seguinte, a discussão não passa por essas lacunas, mas de novo gira em torno de uma briga intestina sobre se Tasso deve ou não sair do comando. Cenas de tucanocídio explícito. Nem o PT pensaria num destino pior para seu principal adversário.
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