Transferência
de votos de políticos populares para afilhados ainda é duvidosa
Na
largada da campanha na TV em 2012, Fernando Haddad aparecia no segundo pelotão
de candidatos em São Paulo, com apenas 8% nas pesquisas. O petista precisou de
45 dias nas telas para colar sua
candidatura à imagem do ex-presidente Lula e chegar aos 29% que
obteve nas urnas no primeiro turno.
A
transferência de votos de um padrinho popular para um afilhado relativamente
desconhecido é uma aposta antiga da política. O fenômeno já elegeu prefeitos e
presidentes, mas é tratado como incógnita na disputa municipal deste ano.
Em
São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) quer mostrar na TV a imagem de Jair
Bolsonaro a seu lado nos primeiros dias do horário eleitoral. Embora o
presidente seja rejeitado por quase metade dos paulistanos, o candidato
decidiu jogar suas fichas nessa relação para tentar reverter
seu histórico de fracassos em disputas majoritárias.
O
potencial eleitoral de Bolsonaro neste ano pode até não ser desprezível, mas o
resultado de seu apoio ainda é duvidoso –principalmente numa campanha curta e
no caso de candidatos que já são conhecidos das populações locais. Esta é a
situação de Marcelo Crivella (Republicanos), que precisaria de um milagre
para desfazer os
59% de rejeição captados pelo Datafolha no Rio.
Mesmo
no Recife, onde o líder das
pesquisas carrega o sobrenome do ainda popular ex-governador
Eduardo Campos, os efeitos do apadrinhamento direto são relativos. João Campos
(PSB) ainda não conseguiu atrair a maioria dos eleitores que aprovam as gestões
do prefeito Geraldo Julio e do governador Paulo Câmara, ambos de seu partido.
Já o PT, que tem em seu portfólio as eleições de Haddad e Dilma Rousseff, parece enfrentar dificuldades. Na disputa paulistana, Jilmar Tatto depende do apoio de Lula para sair do patamar de 1% das intenções de voto. Além de ter apenas 35 dias na TV e no rádio para se vincular ao padrinho, ele vê Guilherme Boulos (PSOL) ocupar o espaço da esquerda na estreia da campanha oficial.
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