Entre Marília e a pátria
Coloquei
meu coração:
A
pátria roubou-me todo;
Marília que chore em vão.
Quem
passa a vida que eu passo,
Não
deve a morte temer;
Com
a morte não se assusta
Quem
está sempre a morrer.
A
medonha catadura
Da
morte fria e cruel,
Do
rosto só muda a cor
Da
pátria ao filho infiel.
Tem
fim a vida daquele
Que
a pátria não soube amar;
A
vida do patriota
Não
pode o tempo acabar.
O
servil acaba inglório
Da
existência a curta idade:
Mas
não morre o liberal,
Vive
toda a Eternidade!
*Recife/PE, 20/08/1779 – Fuzilado em Recife/PE, 13/01/1825. Poeta, historiador, cientista político, gramático, latinista e filósofo. Um dos principais líderes da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador em 1824. Foi editor do jornal “Typhis Pernambucano”, jornal de oposição ao Imperador Pedro I. Andava pelas ruas com uma caneca nas mãos pedindo esmolas para atendimento aos mais necessitados. Sua produção poética ficou bastante esparsa, entre um poema e outro, destacando-se o “Entre Marília e a Pátria”, “Décima”, “Não posso contar meus males” e “Para defender a pátria”
In Obras
políticas e literárias de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, 1876. II
tomo, p. 11-12
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