Até
quando as instituições brasileiras vão jogar na defesa contra o presidente?
Segundo reportagem da CNN Brasil, o governo Bolsonaro cancelou a compra de "kits intubação" em agosto do ano passado. Em setembro, recusou a oferta de vacinas da Pfizer. Durante esse tempo todo, fez guerra ao isolamento social, o que só torna o isolamento mais necessário e mais economicamente custoso cada vez que precisa ser reimplementado.
Até
um sujeito alienado em sua bolha como Jair Bolsonaro sabe que isso tudo é culpa
dele. Mesmo Bolsonaro sabe que, se as instituições funcionarem, ele será preso.
Bolsonaro
está com medo.
Por
isso, enquanto o departamento de camuflagem do Exército tenta desenvolver uma
calça marrom que permita ao presidente da República voltar a andar nas ruas,
Bolsonaro promove assédio judicial contra quem denuncia seus crimes.
O
ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal foi formalmente
censurado por criticar Bolsonaro. O youtuber Felipe Neto foi investigado
por ter
chamado Bolsonaro, responsável direto pela morte de dezenas de milhares de
brasileiros, de genocida. O ministro da Justiça, André Mendonça, determinou
abertura de inquérito contra um professor do Tocantins que gastou R$ 2.000 para
confeccionar um outdoor contra Bolsonaro comparando-o
desfavoravelmente a um "pequi roído".
Na
última sexta-feira (19), o ex-governador Ciro Gomes tornou-se alvo de inquérito
da Polícia Federal assinado pelo próprio Bolsonaro; Ciro chamou Bolsonaro, cujo
envolvimento nas "rachadinhas" familiares é indiscutível, de
"ladrão".
É
sempre bom lembrar, foi o aparelhamento da Polícia Federal por Bolsonaro que
causou a renúncia do ex-ministro Sergio Moro.
A
grande maioria desses inquéritos e processos não vai gerar condenações. São
flagrantemente ilegais. Mas o objetivo dos bolsonaristas não é ganhar; é dar
trabalho a seus críticos, fazê-los correr atrás de advogado, responder
intimação, e assim desestimular que outras pessoas os critiquem. Os
bolsonaristas sabem que, se um brasileiro falar sobre eles sem medo e/ou de
graça, será para criticá-los.
Como
resultado da ofensiva bolsonarista, o Supremo Tribunal Federal deve reunir-se
em breve para finalmente decidir o que vale e o que não vale (tecnicamente, o
que será ou não será recepcionado na Constituição) na
Lei de Segurança Nacional. O Brasil precisa de uma LSN que proteja a
democracia contra movimentos autoritários, mas que não interfira no sagrado
direito dos brasileiros xingarem seus políticos.
É uma boa iniciativa, mas pergunto: até quando as instituições brasileiras vão jogar na defesa contra Jair Bolsonaro? Vocês acham que, se impedirem seu último crime, ele não vai cometer novos? Deu certo da última vez? Quantas vidas teriam sido salvas se ele tivesse sido punido na primeira?
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